O Retrato Como Avatar – Dorian Gray Às Avessas

Henrique Vieira Filho e resultados da Art Experience

O Retrato Como Avatar

Dorian Gray Às Avessas

Na obra-prima literária de Oscar Wilde, um pacto infernal transfere a uma pintura, todos os aspectos sombrios de Dorian, que permanece ilibado ao olhos do mundo.

Neste artigo, o Artista Plástico e Psicanalista Henrique Vieira Filho propõe inverter a premissa e criar um retrato que desperte o potencial oculto do indivíduo.

O Artista Plástico e Psicanalista Henrique Vieira Filho e sua tela Ch'ien (Hexagrama "O Criativo"): o dragão é o seu Alter-Ego
O Artista Plástico e Psicanalista Henrique Vieira Filho e sua tela Ch’ien (Hexagrama “O Criativo”): o dragão é o seu Alter-Ego

Não raro, a aquisição de obras de Arte considera o retorno como investimento financeiro, a repercussão sócio-cultural e o benefício de ser um patrimônio que se aprecia e usufrui, enquanto valoriza.

Recentemente, um novo valor se soma e que só pode ser quantificado e qualificado pela própria pessoa: vivenciar a experiência criativa, de tal forma que a Arte reflita parte de si mesmo.

O indivíduo se torna, simultaneamente, um autor, musa e criatura estampada na tela, a qual, ainda que à vista de todos, igualmente “oculta” significantes que só a própria pessoa retratada reconhece.

Enquanto o retrato de Dorian Gray oculta o que este nega em si mesmo, a experiência de Arte, aqui proposta, revela à consciência emoções, desejos e anseios da alma.

De certo que nada supera uma pintura pensada exclusivamente para você e com sua participação direta no processo criativo. Outrossim, há outros caminhos mais acessíveis de vivenciar, ao menos em parte, esta incrível experiência de autoconhecimento!

Henrique Vieira Filho e resultados da Art Experience
O Artista Plástico e Psicanalista Henrique Vieira Filho e suas Artes especialmente criadas para a promoter carioca, Marcia Verissimo, para a linda e talentosa atriz global, Laíze Câmara e para a grande cantora Aline Wirley.
Telas Goddess Isis, Sweet Mermaid e Indomitable, respectivamente.

As imagens acima ilustram Artes que nascem de agradáveis e profundas interações, entre o Artista e a pessoa retratada que participa diretamente do processo criativo.

São observadas as características de personalidade, as raízes culturais, o momento pessoal e profissional, além das preferências de cores e texturas e as referências mitológicas com as quais se identificam e todos os demais aspectos relevantes que a conversação evidenciar.

Enquanto o valor intrínseco de uma obra artística considera o mercado, a qualidade técnica, o autor e a galeria (dentre outros aspectos mensuráveis…), as telas que nascem da Art Experience agregam significado emocional e único ao retrato. Para os apreciadores de Arte, tais pinturas são percebidas estética e tecnicamente, enquanto para a pessoa retratada, que vivenciou o processo criativo, seu significado é imensurável!

Todo o processo, por si, já é terapêutico, ampliando a criatividade e propiciando descobertas sobre si, pois os símbolos arquetípicos incorporados à Arte reverberam diretamente ao inconsciente: cada vez que olhar a tela, toda a qualidade da experiência é reativada.

Pode-se ir além do caráter terapêutico, incorporando à Terapia, ou seja, o efeito sendo catalisado em sessões coordenadas por um Arteterapeuta/Psicoterapeuta.

Profissionalmente, atua de ambas as formas: sou procurado tanto por aqueles que desejam vivenciar a Art Experience por si só, quanto por quem deseja sessões continuadas de Terapia Holística.

Até mesmo nas Exposições em que participo como Artista Plástico, sempre que possível, aplico a filosofia Slow Art: a apreciação íntima da Arte gera profundas emoções em cada visitante!

Cada participante torna-se curador da exposição: em grupos de no máximo seis integrantes, em dia e horário pré-agendados, podiam olhar e tocar em todas as telas e escolher as que desejavam apreciar com maior profundidade.

Slow Art - Art Experience - Henrique Vieira Filho conduz vivência de imersão na tela pintada
O Artista e Psicanalista Henrique Vieira Filho conduz uma sessão de Art Experience, em que a participante relaxa e faz exercícios de imaginação ativa tendo a sua tela preferida como estímulo.

Selecionadas as obras, estas são expostas e apreciadas por cinco a dez minutos (versus a média de dez segundos por obra em exposições convencionais…) e, não raro, o participante escolhe uma para fazer uma vivência terapêutica: ao som de música suave, relaxando em uma cadeira shiatsu, meditavam e deixavam a imaginação fluir, enquanto admiravam mais profundamente a Arte.

Sendo também Psicanalista, aprecio ainda mais as projeções emocionais dos participantes sobre cada obra, comumente seguida de insights sobre seus próprios momentos de vida!

Ainda que muito se foque nas Artes Plásticas, quando se disserta sobre Arteterapia, é bom pontuarmos que muitos outros recursos artísticos são utilizados, tanto terapeuticamente (no dia-a-dia…), quanto de forma profissional, em sessões de Terapia..

Com a popularização das câmeras digitais (e até as integradas nos celulares…), a Fotografia é um recurso que vem conquistando os consultórios (além das galerias de Arte, é claro…).

Todo Arte (Fotografia, Pintura, Teatro, Dança…) possui um significado inicial, intencionado por seu autor e perceptível pelos críticos, curadores, galeristas e apreciadores, enfim, os especialistas.

Outrossim, além do saber técnico, a Arte pode “tocar” o inconsciente do observador, que nela “projeta” aspectos de seu psiquismo, agregando um significante emocional que extrapola o simples apreciar.

A estética e conhecimentos técnicos das linguagens artísticas são pouco relevantes (na verdade, podem até dificultar…), quando o objetivo é o prazer lúdico da Experiência em Arte e o crescimento pessoal.

O que mais importa é o processo em si e o conteúdo pessoal/emocional que emerge das expressões artísticas.

Sequencialmente, publicarei aprofundamento de alguns destes tópicos, todos integrantes do Workshop Arte Em Terapia, que ministrarei neste dia 24/05/2018, na Saphira & Ventura Gallery – Reservas e inscrições: + 55 (11) 3061-2409 ou, diretamente neste link: https://www.sympla.com.br/workshop—a-arte-como-terapia__288400

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Henrique Vieira Filho - Artista Plástico e Psicanalista
Henrique Vieira Filho – Arte E Terapia

 

Sobre o Autor:

Henrique Vieira Filho é artista plástico, escritor, jornalista e terapeuta holístico. Nas artes, é autodidata e seu estilo poderia ser classificado como surrealismo figurativo.

Por mais de 25 anos, esteve à frente da organização da Terapia Holística no Brasil, sendo presença constante nos meios de comunicação. Elaborou as normas técnicas e éticas da profissão, além de ser autor de dezenas de livros e centenas de artigos, que são adotados como referência em vários países.

Cidade Diva No Divã: São Paulo Na Terapia

Tela Polimetropolis - Artista Henrique Vieira Filho

Henrique Vieira Filho homenageia a Cidade de São Paulo com uma série de crônicas e telas (pintura em técnica mista).
Nesta divertida ficção, São Paulo está em sessão de terapia holística (psicanálise, acupuntura, vivências…), culminando em que a cidade pinta seu autorretrato, como parte da arteterapia.

Cidade Diva No Divã
São Paulo Em Terapia – Primeira Sessão

FC – Ficha de Cliente – De acordo com a NTSV – TH 003

Henrique Vieira Filho – Terapeuta Holístico – CRT 21001

São Paulo Antiga
São Paulo Antiga

Nome / Cliente: Cidade de São Paulo
Endereço: Latitude: -23.5489, Longitude: -46.6388 23° 32? 56? Sul, 46° 38? 20? Oeste
Nascimento: 25 de janeiro de 1554 (obs.: esta é a data oficial; a Cliente esclarece que o dia exato, nem ela lembra, mas que foi em 1520…)
Apontamentos:
Minha nova Cliente é uma charmosa e hiperativa senhora quatrocentona… Apesar de desconfiar que sua foto na ficha está desatualizada…
Nesta nossa primeira sessão, pontuou que, às vésperas de seu aniversário, considera que chegou o momento de re-investir em autoconhecimento.
Cidade:
_ Eu já passei por terapia, faz algum tempo, com um psicanalista, colega seu… Só não concordo com tudo o que ele analisou! Até me chamou de histérica!
Terapeuta:
_ Talvez ele tenha dito que sua personalidade é do tipo histérica, ou seja, que se percebe como irresistível a todos, sedutora por seu potencial, por suas oportunidades.
Cidade:
_ Acalento o sonho de tantos, mas, sei que também posso virar pesadelo. Sou uma quatrocentona cheia de charme! Quando desfilo pelo mundo, ornada com o Masp, o Teatro Municipal, a Estação da Luz, a Ponte Estaiada… Hum… Sabia que até o Tom Jobim cantou que me amava? Mas, linda mesmo, eu era quando menina!
Terapeuta:
_ Me fale sobre a sua infância…
Cidade:
_ Bons tempos, aqueles! Minha beleza não era construída, como hoje em dia… Era totalmente natural! Florestas densas, animais exóticos, rios, muito sol…
Fui revolucionária: a primeira dentre as minhas irmãs a morar no interior! Todas as demais nasceram e cresceram junto ao mar… Eu me aventurei pelas matas e me estabeleci em uma colina circundada por dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú, que fechavam um delta com uma enorme área alagada: as várzeas do Carmo e do Glicério. Eu era como uma ilha! Sabia que o Padre Anchieta teve que vir de barco para me batizar?…
Terapeuta:
_ Como é a relação com suas irmãs?
Cidade:
_ Elas me criticavam muito… Diziam que eu era louca de morar no interior, com tantas praias que ainda faltavam desbravar… Minhas irmãs tinham porto, navios para o comércio, estavam fazendo fortunas e se vangloriando! Só que eu provei para elas que sou tão boa quanto! Dei duro, trabalhei sem descansar, sem dormir e me tornei esta megalópole que você conhece! Mostrei para elas todas que eu não precisava de oceano, coisa nenhuma!
Terapeuta:
_ Notei a sua pausa reflexiva… Creio que você teve o que chamamos de “insight”…
Cidade:
_ Minha autoestima estava frágil com essa questão de não ter oceano… Acabei por negligenciar e negar as minhas próprias águas! Cobri meus rios com vastas avenidas… Sabia que dois terços delas correm sobre os antigos caminhos das águas?
De tanto me infernizar com as minhas irmãs/rivais do litoral, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, a minha relação com minhas águas foi indo de pacífica, com direito a regatas no rio Tietê, para uma investida furiosa contra os rios, riachos e córregos. Quis apagar as águas até o último vestígio!
Terapeuta:
_ Respire fundo… Deixe vir as emoções… Os “insights” são assim: uma infinidade de informações em uma fração de segundo; levará algum tempo para “digerir” e elaborar tudo.
Cidade:
_ E então, meu caro terapeuta… Vai me aplicar acupuntura? Recomendar uns florais de Bach? Reflexoterapia? Arteterapia, quem sabe?…
Terapeuta:
_ Possivelmente, uma mescla destas técnicas…. Notei mesmo essa zona reflexa, aqui na região da Cracolândia necessitando de alguma atenção; uma “acupuntura”, só que SEM agulhas, pode ajudar… No mais, creio que a Arteterapia será um bom caminho para ampliar a consciência perante o “insight” de hoje e os futuros, que certamente virão…
Cidade:
_ Minha personalidade “histérica” está retomando: pintarei um autorretrato!
 
Tela concebida pela Cliente “Cidade de São Paulo”, na sequência de sua primeira consulta…
Tela Polimetropolis - Artista Henrique Vieira Filho
Título: “Polimetropolis”
Artista: Henrique Vieira Filho
Técnica: Mista
Tamanho: 120 cm x 80 cm
Ano: 2018

Título: “Polimetropolis”
Artista: Henrique Vieira Filho
Técnica: Mista
Tamanho: 120 cm x 80 cm
Ano: 2018