Revista Artivismo – V 3 – N 3 – 2023 – Editorial

Capa Revista Artivismo - Henrique Vieira Filho

Editorial

Esta edição é praticamente um mostruário dos novos rumos da Revista Artivismo, que passa a abordar também temas que impactam o mundo das artes visuais profissionais: valorização dos trabalhos artísticos, garantia de direitos autorais e proteção ao patrimônio dos que investem adquirindo obras.

O artigo A Arte De Falsificar Arte comprova que não só os grandes artistas são vítimas de falsificações e plágios. Muitos falsários vem optando por minimizar riscos, passando a fraudar obras de médio valor financeiro. O caminho para salvaguardar e valorizar os verdadeiros autores passa pelo registro das obras e, em caso de já falecidos, o laudo pericial de autenticidade é a solução para os donos das artes resgatarem o valor real de venda.

Já em Certificado de Autenticidade Ideal é apresentada uma análise comparativa entre as melhores opções disponíveis para autenticar suas artes, concluindo pela opção ideal, que inclui versões física e digital, selo de autenticidade, registro no “blockchain” (cartório virtual) e DOI (o mesmo utilizado para trabalhos científicos e acadêmicos), tudo explicado em detalhes e fartamente ilustrado com exemplos reais. 


Henrique Vieira Filho
MTB 0080467/SP
Jornalista Responsável

Certificado de Autenticidade e Laudo Pericial

Certificado de Autenticidade De Arte

O Artista valorizando a sua obra e os compradores obtendo mais segurança e maximização de seu investimento em Arte

COA - Certificado de Autenticidade versões física e digital expedido via Sociedade Das Artes
Certificado de Autenticidade expedido via Sociedade Das Artes

Resumo: 

Neste artigo, Henrique Vieira Filho realiza uma análise comparativa entre os principais fornecedores de Certificados de Autenticidade e Pericial existentes no mercado das artes, elegendo o ideal e as razões da escolha. Fartamente ilustrado, explica de forma didática conceitos inovadores de registros virtuais de documentos de arte, bem como conseguir valorizar, proteger e preencher os requisitos mercadológicos para melhor atuar no mundo das artes contemporâneas.

Cite as
Henrique Vieira Filho. (2023). Certificado de Autenticidade e Laudo Pericial. Revista Artivismo, 3(3). https://doi.org/10.5281/zenodo.7594516


Com sutis variações de grafia e idiomáticas (Certificado de Obra de Arte Original, Certificat D’Oeuvre d’Art Origin, Certificat D’Authenticité, Original Work of Art Certificate, Certificate Of Authenticity), mantendo sempre o mesmo significado, o Certificado de Autenticidade (abreviado mundialmente como COA) é o documento formal da existência de cada obra de arte, tendo, constando (no mínimo…) data da criação, nome (se houver), imagem reproduzindo a arte, detalhes técnicos (tamanho, materiais), nome e assinatura do artista (ou, em caso de já falecido, assinam seus representantes legais ou peritos). 

 As boas práticas de mercado ditam que cada Certificado deve estampar uma numeração exclusiva, a qual precisa igualmente constar na obra (geralmente, no verso), seja por via manuscrita, seja por meio de carimbos, impressos ou selos adesivos, podendo ainda reforçar a segurança com mais uma assinatura do artista ou responsável.

No Brasil e na maior parte dos países não existe lei obrigando o artista a certificar suas obras, entretanto, é quase impraticável atuar profissionalmente sem esta documentação.

Dentre os inúmeros benefícios dos Certificados de Autenticidade, podemos destacar:

  • Maior credibilidade artística
  • Incremento de valor monetário de venda e revenda
  • Proteção dos direitos autorais e patrimoniais
  • Ampliação de mercado, pois é pré-requisito para inúmeras galerias, casas de leilões, marketplaces e colecionadores.

Uma arte que esteja sem procedência documentada, que gere dúvidas quanto à sua autoria, é precificada como se fosse um “pôster”, um simples “quadro decorativo”.

Arte: PETs
Artista: Henrique Vieira Filho
Acrílico sobre tela – 60 x 90 cm

Sem assinatura do artista e SEM Certificado de Autenticidade
Valor de mercado: R$ 530,00
A mesma obra, valorizada com:
1. Certificado de Autenticidade – versão impressa, com numeração exclusiva.2. Certificado de Autenticidade – versão digital, registrada via blockchain (cartório virtual) e DOI3. Assinatura do artista 
Valor de mercado: R$ 4.670,00

Em relação a artes impressas (fine art), como é o caso de fotografias e gravuras, haverá enorme diferença de valores se estiver ou não com Certificado de Autenticidade, especificando a autoria e a quantidade total de originais idênticos existentes.

1. “Print” de obra de arte (tela original ao fundo.
Valor de mercado: R$ 62,00
2. A mesma impressão, com Certificado de Autenticidade, numeração e assinatura do artista, se torna uma gravura.
Valor de mercado: R$ 350,00
1. Fotografia fine art tamanho A3. 
Valor de mercado: R$ 80,00

2. A mesma fotografia, com Certificado de Autenticidade, numeração e assinatura do artista, se torna arte colecionável.
Valor de mercado: R$ 530,00

O mesmo ocorre com as obras de artistas de renome mundial, existindo grande variação de preços de acordo com a certeza ou não da autenticidade e da quantidade do mesmo original que foi disponibilizado para comercialização.

Salvador Dali –  Print – “The Oecumenical Council”

Gravura legítima (autorizada pelos representantes da obra de Salvador Dali) em perfeito estado, SEM Certificado de Autenticidade, SEM numeração (não existe a informação de quantas iguais foram feitas).
Valor de mercado: US$ 28.75
Gravura em mal estado de conservação, COM Certificado de Autenticidade assinado e devidamente numerado (esta é a gravura número 55 de um total de 200 idênticas).
 Valor de mercado: US$ 400.00

Muitos artistas falecidos, agora consagrados, à sua época não se preocuparam em registrar seus trabalhos ou, com o passar do tempo, os documentos acabaram danificados ou perdidos.

O Certificado de Autenticidade agrega tamanho valor à obra que,nestes casos, os colecionadores investem em um Laudo Pericial para resgatar o maior preço de mercado. O procedimento é compensador quando proporcional ao valor financeiro estimado para a arte, com a perícia podendo custar desde milhares de dólares (uso de raio-X, análise química de pigmentos, etc) para obras de grande monta, até laudos menos onerosos, aplicando análise grafotécnica (assinatura) e pinacotécnica (estilo e pinceladas únicas de cada artista) para alcançar as conclusões. 

São Francisco – Artista: Cid Serra Negra – óleo sobre “eucatex”
Versão física do Certificado de Autenticidade mediante Laudo Pericial (igual teor em versão digital com registros “blockchain” e DOI).Um investimento de R$ 350,00 que somou mais R$ 1.700,00 ao valor final de revenda à obra.Certificado de Autenticidade e Selo (fixado à obra) com numeração exclusiva e QRCode que direciona ao registro internacional DOI, também redundante em cartório virtual (“blockchain”).

A importância do Certificado de Autenticidade – COA estando bem clara, cabe agora analisar as principais opções utilizadas pelos artistas atuais, os prós e contras de cada uma e como a Sociedade Das Artes criou a alternativa idealizada, unindo as melhores qualidades dos demais e indo além, ao incluir recursos inovadores.

Registro de Obra de Arte Na Faculdade de Belas Artes do RJRegistro de Obra de Arte na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Registro de obra de arte da Câmara Brasileira do Livro
Certificat D’Authenticité – EuroparkCertificate Of Authenticity – Verisart
Certificado de Autenticidade da Associação Museu de Arte Étnica – SPCertificado e Selo de Autenticidade da marca Hahnemuhle, que chegou a ser o padrão adotado anteriormente pela Sociedade das Artes

No Brasil, a legislação garante os direitos autorais independente das obras estarem ou não registradas (Lei nº 9.610/98). Claro que, havendo controvérsias, o registro pesará a favor. A anterior Lei nº 5.988/73, quase que inteiramente revogada, manteve em seu Artigo 17, a Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro como uma das instituições em que obras de arte podem ser registradas. 

Porém, praticamente nenhum artista utiliza os Certificados daquela instituição, tanto pelo excesso de burocracia quanto pelo alto custo de registro. Também pesa contra, a ausência de algum instrumento que possa ser fixado junto à obra, vinculando-a ao respectivo certificado. Com o advento do isolamento social decorrente da COVID, verdade seja dita, a Belas Artes passou a aceitar que algumas etapas possam ser cumpridas via internet; ainda assim, continua sendo um processo demorado e oneroso.

Bem menos burocrático e menos custoso é o expedido pela Câmara Brasileira do Livro (a mesma que expede registro ISBN para obras literárias), porém, pelo evidente desvio de função, a não inclusão de imagem da arte e ausência de par fixável na obra física (um selo ou equivalente), também não obteve a adesão dos artistas. Louvável foi sua iniciativa de incluir no serviço uma via digital em cartório virtual (blockchain).

 O Certificado expedido pela Associação Museu de Arte Étnica – SP é o mais completo em detalhamento, podendo incluir até o aval da entidade quanto à qualidade técnica e de materiais do trabalho artístico, deixando a desejar, contudo, quanto ao excesso de burocracia e à invisibilidade digital, fator que é praticamente uma exigência nos tempos atuais.

Uma opção bastante adotada, inclusive pela própria Sociedade Das Artes, até recentemente, foi a expedição de Certificados de Autenticidade utilizando os suplementos da Hahnemuhle, cujo custo é bastante acessível, incluindo papel pergaminho com marca d’água e selo vinculante a ser fixado na obra, cuja numeração exclusiva ainda possibilita o registro no site da empresa. Pesa contra a inexistência de versão digital, a obsolescência técnica e a estética ultrapassada de suas páginas na internet, praticamente invisíveis aos buscadores.

Algumas instituições francesas (Europark e Verisart) disponibilizaram versões digitais de Certificados, até mesmo a custo zero (ou quase), passando a cobrar extras para versões impressas. A inclusão dos registros em “cartórios virtuais” é mais um passo a favor do artista. Contudo, a barreira linguística e a legislação diversa da brasileira tornam estas opções pouco atrativas aos artistas de nosso país.

O Certificado de Autenticidade Ideal

Cada artista desenvolver o próprio Certificado pode parecer uma opção mais em conta, economicamente analisando, isto SE possuir habilidades técnicas e equipamentos de impressão de primeira linha e grande disponibilidade de tempo, pois, se tiver que contratar profissionais para desenvolver, sairá mais caro ou, pior, o resultado final será amador, destruindo justamente um dos objetivos principais, que é o de agregar VALOR à sua arte.

Neste sentido, a praticidade de adotar soluções pré-existentes no mercado, especialmente se somar credibilidade à obra do artista é a melhor solução, sendo que a Sociedade Das Artes já possui tradição neste quesito, tanto como galeria privada, quanto como Ponto de Cultura reconhecido pelo Governo (SNIIC: SP-21915). 

A justa estratégia exige que o Certificado de Autenticidade, além de apresentar estética elegante e funcional, cumpra requisitos gráficos de segurança, como os incorporados pela Sociedade Das Artes

  • Papel holográfico
  • Impressão em alta definição
  • Marcas de segurança – (Norma ABNT NBR 14082:2002): rosáceas, fundo numismático, microtextos, desenho geométrico, filetes luminescentes (logotipo em dourado ou prateado)

No mundo das Artes, a via física do Certificado de Autenticidade ainda agrega valor substancial ao ser apresentado em ritos de entrega de obras aos compradores, gerando prazer emocional e ótimas imagens de divulgação em redes sociais.  

Desta forma, o ideal é que haja duas versões: uma via impressa, assinada fisicamente pelo artista (ou representante) e uma segunda via, totalmente digital, de igual valor, registrada na internet e com assinatura por certificação eletrônica (e-CPF, e-CNPJ, NeoID, Adobe Acrobat Sign, etc).


Certificado de Autenticidade
Via Física

Certificado de Autenticidade
Via Digital

Selo de Autenticidade

Certificado de Autenticidade de Arte – Via Física

Mesmo em um mundo onde a documentação se torna cada vez mais digital, ainda é de grande importância a existência de uma via física do Certificado de Autenticidade – COA, pois a materialidade agrega sensação de segurança aos compradores, ou seja, possui um valor emocional que nem todos sentem nas versões digitais.

A assinatura do artista (ou do representante / galeria), o brilho holográfico, os detalhes metalizados, além de serem itens de segurança documental, se tornam uma extensão igualmente artística da obra, por sua beleza gráfica.

A numeração exclusiva, gerada pela  Sociedade Das Artes no padrão EAN é aplicada nas duas versões (física e digital) do Certificado e também no Selo de Autenticidade.

EAN / EAN13 (International Article Number) é o padrão numérico mundial (sua versão em código de barras também é chamada de GTIN ou GTIN13 – Global Trade Identifier) para identificação de todos os produtos comercializáveis (obras de arte, inclusive). É exigido para poder comercializar em grandes marketplaces, como por exemplo, a galeria de artes da Amazon. A numeração é criada a partir do código do país, CPF ou CNPJ, sequência final variável e exclusiva e dígito verificador.

O QR Code (“código de resposta rápida”), impresso tanto no COA físico, quanto no Selo, é facilmente escaneado por câmeras de celulares, dando acesso ao registro DOI –  Digital Object Identifier, cuja página de internet é permanente, bem como à via digital no Blockchain (Cartório Virtual).

Certificado de Autenticidade de Arte – Via FísicaPapel holográficoImpressão em alta definiçãoMarcas de segurança Contém dados da obra (tamanho, técnica, ano de criação, dentre outras especificações), além de imagem em alta definição reproduzindo a arte.
1. Logotipo Sociedade Das Artes e numeração EAN em estampa metalizada.
2. Assinatura do Artista (ou responsável / galerista)
2. QR Code direcionando para o registro DOI e cartório virtual

Selo de Autenticidade

Outro item importante, muitas vezes faltante nas demais opções de mercado, é o Selo de Autenticidade a ser fixado diretamente na obra de arte. 

Afinal, não tem sentido vincular a arte tão somente pela semelhança à imagem desta impressa em seu COA – Certificado de Autenticidade. Daí a importância deste elemento extra, geralmente, um selo adesivo com igual numeração exclusiva à estampada no Certificado.

Também como incremento de segurança, a Sociedade Das Artes confecciona seus Selos de Autenticidade em papel adesivo “casca de ovo” (propositalmente frágil, de tal forma a se fragmentar em caso de tentativas de ser retirado e reaproveitado), além de ser parcialmente aplicado recursos luminescentes (detalhes craquelados em dourado ou prateado, cores de difícil reprodução por maquinário amador).

A numeração exclusiva, gerada pela  Sociedade Das Artes no padrão EAN é aplicada, além de no Selo, igualmente nas duas versões (física e digital) do COA.

O QR-Code incluso direciona ao registro DOI –  Digital Object Identifier, cuja página de internet é permanente e contém dados detalhados da obra e acesso à via digital do Certificado, de igual valor documental.

Certificado de Autenticidade de Arte – Via Digital

CNH – Carteira Nacional de Trânsito, Licenciamento anual de veículo (CRLV), CPF, Carteira de Trabalho. Registro Geral, enfim, a maioria dos documentos oficiais, nos dias de hoje, são totalmente digitais e possuem o mesmo valor que suas versões físicas.

No caso das Artes, a via física do Certificado de Autenticidade ainda agrega valor substancial ao ser apresentado em ritos de entrega de obras aos compradores, gerando prazer emocional e ótimas imagens de divulgação em redes sociais. 

Desta forma, o ideal é que haja duas versões: uma via impressa, assinada fisicamente pelo artista (ou representante) e uma segunda via, totalmente digital, de igual valor, registrada na internet e com assinatura por certificação eletrônica (e-CPF, e-CNPJ, NeoID, Adobe Acrobat Sign, etc). 

Em muitos sentidos, o Certificado de Autenticidade – versão digital é mais confiável que seu equivalente impresso. Por exemplo, em controvérsias sobre plágio (cópias, imitações…), a razão é dada a quem comprovar que realizou a obra em data anterior à do outro. 

Enquanto o papel aceita que se imprima data retroativa, isso não acontece na versão digital, pois a Sociedade Das Artes aplica assinatura eletrônica datada e homologada pelo próprio sistema implantado pelo Governo Brasileiro: a ACT- Autoridade de Carimbo do Tempo, que atua como evidência irrefutável da existência de uma informação digital numa determinada data e hora, sincronizados com a ICP-Brasil.  

Certificado de Autenticidade de Arte – Via Digital
Contém dados da obra (tamanho, técnica, ano de criação, dentre outras especificações), além de imagem em alta definição reproduzindo a arte.
1. Logotipo Sociedade Das Artes e numeração EAN exclusiva.
2. Assinatura Digital do Artista (ou responsável / galerista) – padrão ICP-BrasilGOV.BR
2. Assinatura Digital da Sociedade Das Artes (ou responsável) – padrão Adobe Acrobat Sign
A mesma obra, valorizada com:
1. Certificado de Autenticidade – versão impressa, com numeração EAN e recursos gráficos de segurança.

2. QR Code direcionando para o registro DOI e “cartório virtual” (blockchain)

3. Certificado de Autenticidade – versão digital, registrada via blockchain (cartório virtual) e DOI que pode ser salva em formato PDF e conferida pelo sistema validação de assinaturas eletrônicas provido pelo Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, conforme MP 2.200-2 e Lei n° 14.063/20 

Blockchain – Cartório Virtual

O Certificado de Autenticidade – versão digital para permanecer acessível via internet precisa ter seu arquivo hospedado em servidores confiáveis quanto à segurança, inviabilidade e permanência vitalícia.

Ao contrário do mito popular, não basta estar na internet para ser “para sempre”; afinal, “sites” podem deixar de existir, sair do ar, mudar o endereço e nomes de suas páginas, excluir publicações, modificar seus conteúdos… 

O artista não pode ficar refém da vontade dos proprietários dos domínios dos “sites” que hospedam seus Certificados. 

A solução atualmente em moda é hospedar em “cartório virtual” / “blockchain”, um sistema muito semelhante ao utilizado para as criptomoedas (dinheiro digital). 

Diferentemente dos “sites” em geral, que se valem do protocolo de Transferência de Hipertexto (http / https), os cartórios virtuais utilizam IPFS – InterPlanetary File System (ipfs), um padrão em que os arquivos são armazenados simultaneamente em centenas de hospedeiros diferentes e independentes, espalhados por todo o planeta e ninguém tem acesso nem a apagar, nem a modificar o conteúdo que estiver armazenado. 

Assim sendo, o Certificado de Autenticidade, uma vez registrado no “blockchain” poderá ser acessado pelo artista e demais interessados bastando ter o código de acesso exclusivo, utilizando de quaisquer das centenas de sites que integram o sistema IPFS ou, diretamente, utilizando “plugins” ou navegadores especiais.

A Sociedade Das Artes assume o papel de “cartorário” e providencia este registro para os Certificados que emite.

A tecnologia “blockchain” (“blocos interconectados”, visto que os dados estão descentralizados, existindo simultaneamente em centenas de servidores independentes) iniciou como sistema de criação e segurança para as criptomoedas (Bitcoin, Etherium, etc) e logo expandiu para funções comerciais de registro e cumprimento de Smart Contracts (contratos inteligentes), inclusive, o registro, compra e venda de NFTs (“Non-Fungible Token”), que inclui desde obras de arte totalmente virtuais, até bens imóveis.

O sistema de alta segurança (criptografia) inclui a identificação do documento (em nosso caso, o COA – Certificado de Autenticidade Digital) por meio de uma sequência alfanumérica exclusiva, denominada Hash.

Assim como um ser vivo pode ser identificável por meio de seu DNA (visto que não há dois iguais), da mesma forma, o algoritmo hash atua como se fosse o DNA do documento registrado no “blockchain”.

Hash: QmdyztR5CLW8nswrtUHLjWsni9xYGccgG7pLUQYFjctmXWSequência alfanumérica criptografando o Certificado, atuando como seu “mapa de DNA”
O site https://ipfs.io é um dos inúmeros que “traduzem” o hash e reconstituem o documento registrado no blockchain para os navegadores de internet, possibilitando visualizar e até fazer o “download” de uma via original

DOI –  Digital Object Identifier

Em pese que os “blockchains” estejam na moda e em ascensão (especialmente por serem de baixo custo e desburocratizados), que a verdade seja dita: pré-existe outro padrão e já está plenamente consolidado e consagrado mundialmente, para registro de documentos via internet: o sistema DOI –  Digital Object Identifier.

Comumente adotado para registro de teses, pesquisas e artigos acadêmicos / científicos, o conteúdo é hospedado sob o compromisso de ser mantido inalterado e indefinidamente, sob a responsabilidade compartilhada de organizações criadas exclusivamente para esta finalidade, distribuídas em diversos países. 

As maiores universidades, instituições de pesquisas científicas e revistas acadêmicas utilizam deste sistema e, por isso, o registro DOI agrega grande prestígio, sendo até requisito para que a publicação conste devidamente no Currículo Lattes (instrumento fundamental no mundo acadêmico brasileiro) e ORCID (Open Researcher and Contributor ID – registro mundial para acadêmicos).

Via de regra, o trabalho é submetido a pareceristas (avaliação por grupos de cientistas / acadêmicos / pesquisadores) e, após meses, caso seja aprovado, é publicado em revistas especializadas (reconhecidas com ISSN – International Standard Serial Number), as quais cobram taxas que podem alcançar milhares de dólares para providenciar o registro DOI e realizar a publicação.

A Sociedade Das Artes revolucionou ao conquistar para a ARTE o mesmo status de trabalhos acadêmicos e, em parceria com a Zenodo, viabilizou o registro DOI para obras artísticas, juntamente com a expedição de cada Certificado de Autenticidade – COA, que também passa a ser publicado em seção especial da Revista Artivismo (ISSN 2763-6062), agregando ainda mais valor a cada trabalho de arte.

O QR Code impresso tanto no Certificado físico, quanto no Selo de Autenticidade direcionam para o registro DOI que contém a reprodução (em imagem e texto) da versão digital, bem como o endereço “blockchain” que possibilita tanto visualizar, quanto fazer “download” de via original do COA digital, unindo, assim, o melhor de cada alternativa.

A imagem acima reproduz o conteúdo do endereço DOI da arte em exemplo: https://doi.org/10.5281/zenodo.7561752 O QR Code, tanto do Selo de Autenticidade fixado à obra, quanto a via física do Certificado direcionam ao endereço DOI, que é o padrão adotado mundialmente para registro de artigos acadêmicos e científicos e, agora, com a parceria Sociedade Das Artes / Zenodo, também para documentar obras de arte.

Revista Artivismo

O acesso à Revista Artivismo é totalmente livre para leitura, via internet.

Um dos raros periódicos brasileiros com registro ISSN 2763-6062 e, mais raro ainda, que realiza registro DOI para seu conteúdo, tem como objetivo divulgar reportagens e artigos focados em todas as formas de Arte, sejam trabalhos em padrões científicos, quanto obras culturais em si: literatura, fotografia, artes visuais, artes cênicas, design, dança e demais eventos relacionados.

Também é parte da proposta da Artivismo salvaguardar direitos autorais dos artistas, com a publicação de registros de obras e catalogações. 

As obras que obtiveram Certificado de Autenticidade por intermédio da Sociedade Das Artes terão seu COA publicado nas edições sequenciais da revista, consolidando-se  assim, uma importante fonte de referência.

Casas de leilões costumam basear a escolha de obras para comercializar somente se elas constarem em publicações especializadas, tais como o Dicionário Das Artes Plásticas No Brasil, de Roberto Pontual e Artes Plásticas Brasil, de Maria Alice e Júlio Louzada, que contém biografias, listagem de obras (com imagens) e até assinaturas dos artistas. 

Em que pese a excelência destas publicações, a verdade é que estão sem atualizações faz décadas, deixando, assim, de incluir os artistas mais recentes.

A Revista Artivismo se dispõe a preencher este vácuo, abrindo espaço para os artistas atuais, conquistando galeristas e leiloeiros como a nova e atualizada fonte de referência artística.

Como complemento a médio prazo, está em fase de elaboração o Projeto Raisonné, que levará em conta as artes Certificadas.

Catálogos Raisonnés” são verdadeiros tratados contendo registros visuais e documentais de cada obra de cada artista. Antes privilégio de poucos, em breve estará acessível ao grande público, em versões virtuais, promovidas em parceria entre a Sociedade Das Artes e a Revista Artivismo.

Conclusão

Em pleno século 21, mediante as novas tecnologias à disposição, todos os artistas contemporâneos têm plenas condições, até mesmo a obrigação mercadológica, de Certificarem suas obras.

Seja para valorizar suas artes, trazer segurança para os compradores e até mesmo pelo prazer de referendar seus trabalhos, o COA – Certificado de Autenticidade de Obra de Arte é essencial a toda obra de arte.

Ao estudar todas as opções existentes no mercado,  a Sociedade Das Artes uniu o que de melhor havia em cada uma e foi muito além, agregando benefícios inovadores e exclusivos, atingindo, assim, a sua meta em oferecer o Certificado de Autenticidade Ideal.

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Resguardando direitos autorais, de propriedade e de valor máximo de revenda por meio de Certificados de Autenticidade

São Francisco de Portinari (acervo do MASP) e de Cid Serra Negra (acervo da Sociedade Das Artes)
São Francisco: um de Portinari e outro, de Cid Serra Negra: qual destes artistas sofre mais falsificações?

Cite as
HENRIQUE VIEIRA FILHO. (2023). A Arte De Falsificar Arte. Revista Artivismo, 3(3). https://doi.org/10.5281/zenodo.7528916

Resumo: 

Os artistas com obras de valores intermediários são tão ou mais vítimas de falsificações quanto os de renome mundial. Neste artigo, Henrique Vieira Filho toma como exemplo as obras de Cid Serra Negra e como os modernos e acessíveis recursos de Certificados de Autenticidade e Pericial resguardam direitos  autorais e de propriedade resgatam o legítimo valor de mercado.

Desde sérias reportagens investigativas, até o divertido documentário “Fake Art – Uma História Real” (Netflix), sempre que o tema é falsificação de arte, as cifras citadas são de milhões de dólares pagos em obras que se revelaram fraudes sobre os trabalhos de Pollock, Rothko, Picasso, Vermeer, Rembrandt, Da Vinci, Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila do Amaral, Guignard, Antônio Poteiro, Siron Franco, dentre muitos outros artistas cobiçados.

Quanto mais valorizado for o artista, maior a eventual margem de lucro para os fraudadores e, da mesma forma, ainda maior é o risco de ser descoberto.

Mas, e se o falsário for menos ganancioso e preferir “trabalhar” em um nicho onde as chances de ser investigado são mínimas? 

Basta escolher fraudar artistas cujas obras estão com valores de mercado em um teto de US$ 2.000. Afinal, verificar a autenticidade custaria mais caro que a própria pintura e não compensaria aos vendedores/compradores investir em uma perícia técnica.

Melhor ainda se o alvo não possuir “Catálogo Raisonné” (documentação detalhada de cada obra produzida), nem Certificados de Autenticidade ou de Propriedade, situação esta que é típica para a maioria dos artistas. Por sinal, quanto mais contemporâneo, mais simples será para encontrar as mesmas tintas e materiais usados nos originais, diferente do que acontece com as artes de séculos anteriores, cujos pigmentos não são mais encontrados no mercado.

Se já estiver prescrito os direitos autorais (mais de 70 anos após a morte do artista ou, antes, caso não tenha herdeiros), tanto melhor.

E este é o caso do pintor que abordarei a seguir, sobre o qual me tornei um “connoisseur” (profissional conhecedor das obras, estilo e assinatura do artista), tanto por ter contato com suas artes desde a infância, como também por ser artista plástico, galerista e pós-graduado em perícia técnica.

Em recente busca por adquirir um de seus trabalhos, deparei-me com uma “pechincha” (via de regra, é bom suspeitar quando os valores são abaixo do mercado) sendo comercializada em um popular intermediário de compra e vendas pela internet. Mediante análise das fotos e a certeza de poder receber o dinheiro de volta (a plataforma retém até a confirmar a satisfação), optei em correr o risco calculado e, de fato, era um original. 

Contudo, a maior parte das “ofertas” que encontrei eu já descartei à primeira vista: assinaturas divergentes, pinceladas não condizentes com seu estilo, temática e materiais não habituais a este artista. E isto, inclusive, em galerias muito bem conceituadas! 

Ou seja, Cid Serra Negra anda sendo falsificado tanto ou mais do que um Di Cavalcanti! É o alvo ideal: obras comercializadas em um valor mediano (que não compensaria financiar uma perícia para autenticação), não catalogadas, autor já falecido e sem herdeiros!

Conforme documento de óbito, Cid de Abreu (que também assina como Cid, Cid Abreu, Cid S.Negra e Cid Serra Negra), filho de Izaura de Abreu, nasceu (27/01/1924)  e faleceu (02/08/1993) em Serra Negra / SP / Brasil. 

O Projeto De Lei Municipal Nº 89, de 2020, que objetiva dar o nome do artista ao espelho de água de uma das principais praças do município, em sua justificativa, acrescenta mais detalhes de sua procedência, sem citar a fonte dos dados extras: 

“Filho de Sebastião Pires da Cruz e de Izaura Julieta de Abreu, que casaram em 19 de abril de 1913. Cid não chegou a conhecer o pai, que os deixou quando ele ainda estava no ventre de sua mãe. Eram seus avós paternos: João Pires da Cruz e Gertrudes Maria das Dores e avós maternos, José Elias de Abreu e Anna Carolina de Abreu”.

Não há registro conhecido de herdeiros, implicando no domínio público de sua obra:

Lei de Direitos Autorais – | Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998
Art. 45. Além das obras em relação às quais decorreu o prazo de proteção aos direitos patrimoniais, pertencem ao domínio público:
I – as de autores falecidos que não tenham deixado sucessores;

Suas obras são muito procuradas e presenças constantes em leilões, sendo que seu estilo primitivista, “naif”, agrada tanto aos colecionadores brasileiros, quanto aos do exterior. 

Alcançou a fama e consagração ao cair nas graças de jornalistas e “socialites”, em especial, Helena Silveira e Lygia de Freitas Valle.

Lygia de Freitas Valle - socialite, escritora, cantoraLygia de Freitas Valle – socialite brasileira, filha de embaixadores, cantora do período da bossa-nova e grande admiradora de Cid Serra Negra. Casada com o medalhista olímpico, empresário e político, Willy Otto Jordan, a tumultuada vida social do casal foi alvo de diversas reportagens no período da ditadura,Cid pinta como um poeta. Seu estilo, oriundo de pinceladas ágeis e policromáticas, causa impacto e admiração, por realizar o quase milagre, sendo obra de alta categoria, de permanecer um autêntico ingênuo
Helena Silveira - Escritora e jornalistaHelena Silveira – Escritora e jornalista, querida e respeitada pela elite intelectual e artistas, era irmã de Dinah Silveira de Queiroz e prima de Rachel de Queiroz, as duas primeiras mulheres a serem aceitas na Academia Brasileira de Letras.De 1974 a 1976, assinou, além de “Helena Silveira Vê TV”, a coluna “Videonário”, ambas para o jornal “Folha de São Paulo”.“Suas telas são geralmente vivas e transmitem sempre uma mensagem de candura e otimismo voltada para a força da fé e do místico. 
Cid é, antes de tudo, folclórico. Um homem pitoresco em imaginação e força criativa. 
Inteligente e cuidadoso, pinta pelo seu instinto artístico, baseado no diminuto conhecimento que o cobriu pelas leituras (em francês) dos grandes mestres da pintura”

Cid Serra Negra foi pauta constante de reportagens e programas televisivos de enorme audiência, tais como os comandados por Hebe Camargo e Xênia Bier

Xênia Bier - apresentadora de programas televisivos e jornalistaXênia Bier – jornalista e atriz,  nos anos 80 conquistou popularidade apresentar programas femininos: “TV Mulher”, entre 1981 e 1984, na TV Globo, o “Mulher 88”, na antiga TV Manchete, “Xênia e Você”, na TV Bandeirantes, além do programa “Mulheres”, da TV Gazeta, ao lado de Ione Borges.Hebe CamargoHebe Camargo – apresentadora, cantora, radialista, humorista e atriz, considerada como a Rainha da Televisão Brasileira, veículo em que atuou por mais de 60 anos, tendo feito história em programas da Record, Bandeirantes e SBT que lhe garantiram público cativo e o reconhecimento nacional.

Valorizou-se ainda mais por suas exposições na Galeria de Arte Portal, que estava em seu auge, a tal ponto de ser a primeira a expor as obras de Picasso na América Latina, por ocasião das comemorações de seus 90 anos.


Jornal Folha de São Paulo,de 20/11/1971, pág. 31

Primeira exposição de Cid Serra Negra, na Galeria Pontual, apresentado pela escritora Helena SilveiraJornal Folha de São Paulo,
caderno Folha Ilustrada,
de 12/06/1969, pág. 37
A importância da Galeria Pontual em sua época pode ser mensurada pelo fato de conseguirem a primeira exposição de obras de Picasso na América Latina, por ocasião das comemorações de seu aniversário de 90 anos.

Pessoalmente, julgo como sendo seu trabalho mais significado, o conjunto da obra eternizada na Igreja de São Benedito (Serra Negra / SP), por sua ousadia e originalidade em retratar anjos negros e incluir um saci e uma criança indígena como querubins.

Detalhes contendo saci e indígena como querubins na obra de Cid Serra Negra para a Igreja de São Benedito. Fotomontagem ilustrando o artigo de Henrique Vieira Filho para o Jornal O Serrano

Enfim, mesmo perante toda essa consagração como artista, em caso de inexistência de documentos atestando a autoria, isso gera insegurança para os compradores, obrigando os proprietários das obras a reduzir o valor monetário de venda.

Este foi o caso da obra aqui citada, que adquiri como “pechincha”. Ao rastrear a trajetória desta pintura em particular, a encontrei em vários leilões anteriores, sendo comercializada e adquirida por mais do triplo do que paguei. 

Se é que algum dia existiu um Certificado de Autenticidade e/ou de Propriedade, o mesmo se perdeu nas continuadas compras e vendas, algo muito comum no mercado das artes, em especial, tratando-se de espólios, com as famílias jamais localizando o documento autenticador ou o recibo da aquisição, que poderia, pelo menos, indicar uma boa procedência.

Para recuperar o preço máximo de mercado, a solução foi autenticar a obra, por meio de Laudo Pericial, de tal forma que o investimento na Certificação de Autenticidade mais do que duplicou o valor de revenda.

Versão física do Certificado de Autenticidade mediante Laudo Pericial (igual teor em versão digital com registros “blockchain” e DOI).Um investimento de R$ 350,00 que somou mais R$ 1.700,00 ao valor final de revenda à obra.Certificado de Autenticidade e Selo (fixado à obra) com numeração exclusiva e QRCode que direciona ao registro internacional DOI, também redundante em cartório virtual (“blockchain”).

Como perito, cabe aqui uma observação quanto aos valores de honorários periciais (usualmente cerca de R$ 15.000,00). O custo aqui aplicado, praticamente simbólico, se deve por já ser um “connoisseur” das obras de Cid Serra Negra, ou seja, não foi preciso um estudo “do zero”, envolvendo radiografia, colorimetria, espectroscopia, microscopia, nem demais recursos laboratoriais. 

O laudo pericial para autenticação é o caminho para resgatar o valor nos casos de pintores já falecidos em relação às suas obras, via de regra, sem documentação de procedência.

Para artistas vivos e em atividade, há caminhos bem mais simples. 

Registrar em cartórios ou na Belas Artes do Rio de Janeiro (opção prevista até em lei federal), na prática, é ineficaz, visto que uma eventual busca por parte dos interessados em localizar ou mesmo, conferir a documentação, é custosa, tanto do ponto de vista financeiro, quanto de tempo demandado.

Um dos problemas dos documentos de autenticidade serem apenas em versões físicas é a facilidade de extravio e o desgaste pelo passar do tempo, implicando em rasuras, trechos ilegíveis e fragmentações.

A solução que adoto é manter também em versão digital, utilizando o sistema “blockchain” (os chamados “cartórios virtuais”) onde a documentação é “eternizada” na internet, com a garantia de diversas instituições mundiais que armazenam de forma redundante, de fácil acesso (links diretos e buscadores) e resguardadas contra alterações. 

A este formato, ainda acrescento o registro DOI (Digital Object Identifier), aplicando à cultura o mesmo padrão mundial utilizado para respaldo e divulgação das produções científicas, o que possibilita que conste, inclusive, no Currículo Lattes e ORCID.


Certificado de Autenticidade Assinado pelo próprio artista.
Selo de AutenticidadeFixado na obra, com numeração idêntica e exclusiva à do Certificado
Confeccionados e registrados via Sociedade Das Artes
Um investimento de R$ 80,00 para resguardar direitos autorais ao artista e de propriedade aos compradores, valorizando a Arte.
Versão digital, igualmente válida, do Certificado de Autenticidade confeccionado e registrado via Sociedade Das Artes.
Acessível via QRCode e links diretos para os registros internacionais DOI (validáveis como obras culturais para Currículo Lattes e ORCID) e também para o cartório virtual (“blockchain”), mantidos por instituições mundiais compromissadas com a manutenção e disponibilização atemporal dos documentos.

Até mesmo os famosos “Catálogos Raisonnés” (verdadeiros tratados contendo registros visuais e documentais de cada obra do artista,) antes privilégio de poucos, está agora acessível ao grande público, em versões virtuais, promovidos em parceria entre a Sociedade Das Artes e a Revista Artivismo.

Se antes os artistas faziam justiça ao estereótipo de não se importarem com registros burocráticos, nem com as finanças e de serem avessos a novas tecnologias, em pleno século 21, esse visão “romantizada” não tem mais sentido e, quanto antes os contemporâneos Certificarem suas obras, os apreciadores e a própria Arte, agradecem.

Só quem não irá gostar são os falsários!

Miscigenação E Diversidade

Henrique Vieira Filho e sua reportagem no Jornal O Serrano

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 18 de novembro de 2021 – 6281 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5761095

frican Marajoara” – Amanda Canela, com pintura corporal e fotografia por Henrique Vieira Filho para o livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” 

Faz alguns anos participei com meus trabalhos fotográficos, do livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens”  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), lançado em Paris.

Livro "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho
Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho

O tema que escolhi é o título deste artigo,pois, neste meu projeto, o biotipo étnico de cada indivíduo, ainda que possa predominar em uma direção, jamais nega a miscigenação de nosso povo e a orientação de vida de cada um, que transcende a própria tradição ancestral.

No citado livro de fotografias, retribuí à França um favor que ela me fez na adolescência: o contato com a cultura afro-brasileira!

Cerimônia de Premiação ao Artista Henrique Vieira Filho pelo Livro  "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)
Cerimônia de Premiação ao Artista Henrique Vieira Filho pelo Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)
A atriz Zezé Mota foi uma das homenageadas pela Revista Divine na Cerimônia de Premiação ao Artista Henrique Vieira Filho pelo Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)

Quando adolescente, me identifiquei com uma forma de luta francesa, chamada Savate, técnica que foi inicialmente praticada por marinheiros e chegou a ser a arte marcial militar oficial daquele país, no século XIX. Autodidata e sem ter onde aprofundar na técnica, fui acolhido em outra linha marcial com muitos movimentos semelhantes e que, na verdade, é de origem anterior e bem brasileira: a Capoeira.

Entre os anos 80 e 90. o Brasil estava, literalmente, exportando Capoeira para o mundo todo, em especial, aos EUA. Desde seriados de televisão, como “Kung Fu”, até filmes inteiros sobre o tema (por exemplo: “Esporte Sangrento”), pudemos assistir a havaianos, mexicanos, afro-americanos e até “alienígenas” (série Stargate – SG1) encarnando capoeiristas!

Enquanto alguns podem interpretar que tiveram sua cultura usurpada, outros levarão em consideração fatores positivos, como a divulgação a um público amplo e a abertura de postos de trabalho para capoeiristas que coreografaram e ensinaram a arte aos atores e dublês.

Exposição Diversidade 2021 – Artista Visual Henrique Vieira Filho em uma roda de Capoeira com a Academia Raça e Fundamento Visuais e Capoeira

É delicada a distinção entre apropriação cultural e a admiração e reverência sinceras.

Como artista visual e psicoterapeuta apaixonado pelas mais variadas tradições seculares e histórias mitológicas, acredito que toda Cultura deve ser conhecida e compartilhada.

No Brasil, é comum caucasianos reverenciando o Candomblé, afrodescendentes praticantes de tai-chi-chuan, orientais atuando com xamanismo…

Várias de minhas pinturas e fotografias representam a pluralidade cultural de que somos compostos. Uma das telas que estará na Exposição Diversidade, é a African Gioconda, onde temos a beleza da etnia afro estampada tanto em uma  moderna Mona Lisa, quanto nos grafismos, inspirados nos tecidos artesanais africanos.

Henrique Vieira Filho e sua obra African Gioconda, sendo entrevistado por Carlos Alberto Valentino, na inauguração da Exposição Diversidade, em homenagem ao Dia Da Consciência Negra.

Assista no Youtube: https://youtu.be/gwqZei58CVs

Making Of – Arte Em Tempo Real – Performance do Artista Henrique Vieira Filho com pintura corporal e projeções de grafismos étnicos. Ensaios para novas pinturas em tela da Coleção Giocondas.

A miscigenação é uma das marcas de nosso país, inclusive, nas Artes: nossas músicas, danças, culinária, literatura, língua 

Um ótimo símbolo de integração cultural é o nosso brasileiríssimo Saci: de nossos índios, ele herdou o poder de comandar o vento e a magia, enquanto os europeus lhe presentearam com a baixa estatura, as travessuras e o gorro vermelho dos trasgos (duendes) e, por fim, nossos afrodescendentes acrescentaram a esperteza, a cor da pele e a perda de uma das pernas, de tanto jogar capoeira.

Pintura “Birth Of The Saci”, em exposição de 20 a 25/11, no Mercado Cultural
Artwork: “𝘽𝙞𝙧𝙩𝙝 𝙊𝙛 𝙏𝙝𝙚 𝙎𝙖𝙘𝙞” – Artist: Henrique Vieira Filho – Tela: O Nascimento Do Saci Pererê

Em tupi-guarani, “perereca” é designação para tudo que se locomove aos saltos. 

   Já o termo “saci” é uma onomatopéia, ou seja, uma palavra idêntica ao som a se descrever, no caso, o canto (que também é seu nome…) de um certo pássaro muito arisco, difícil de ser visto, fácil de ser ouvido, enquanto exclama, continuadamente: _ “Sa.. ci… sa…ci… sa…ci…”.

Neste dia 20/11/2021 (sábado), às 10hs, no Mercado Cultural (Serra negra/SP), teremos algumas destas histórias, pinturas e fotografias, além de uma apresentação de capoeira, tudo com entrada franca. Você, leitor, é nosso convidado!

Homenagem ao Dia Da Consciência Negra, com a Exposição “Diversidade”: Abertura às 10hs, dia 20 de novembro de 2021, no Mercado Cultural:  Praça XV de Novembro – Estância Suíça, Serra Negra – SP – Entrada franca  

A exposição permanece aberta do dia 20 ao 25 de novembro 

Apoio: Prefeitura Municipal de Serra Negra

Exposição Diversidade 2021 – Artes Visuais e Capoeira

Homenagem Ao Dia Da Consciência Negra

Henrique Vieira Filho e sua reportagem no Jornal O Serrano

Henrique Vieira Filho homenageia o Dia Da Consciência Negra por meio da Exposição Diversidade, no Mercado Cultural, em Serra Negra / SP, unindo artes plásticas e artes marciais, participando, inclusive, da roda de Capoeira promovida pela Academia Raça e Fundamento.

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 12 de novembro de 2021 – 6280 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5759816

Sendo um homem branco, não tenho autoridade para abordar este tópico sobre certos aspectos que só um afrodescente tem propriedade e a experiência de quem realmente vive a questão em seu dia-a-dia.

Por outro lado, como artista plástico  apaixonado pelas mais diversas culturas milenares, posso prestar minhas sinceras homenagens e admiração ao Dia Da Consciência Negra (20 de novembro), por meio da Exposição Diversidade, a qual, neste ano, será em Serra Negra / SP, com entrada franca.

Bem sei que muitos artistas focam nas adversidades e buscam denunciar por meio de suas obras, mas, eu prefiro focar na beleza das cores, das formas e das tradições populares, em especial, por meio de figuras femininas, empoderadas e, na maioria das vezes, representando figuras icônicas ou fascinantes personagens mitológicos.

Por defender que todas as culturas merecem ser compartilhadas e experienciadas, retrato por fotografias e pinturas temas indígenas, orientais, europeus e afros, sem distinção e, eventualmente, até miscigenando, tal qual ocorre na população de nosso Brasil. 

Claro que, nesta exposição, em especial, selecionei as obras que homenageiam a Cultura Afro, como os exemplos que se seguem, em imagens e histórias:

Mermaid Kianda (gravura acrílica sobre tela) – inspirada na mitologia angolana, esta sereia concedia desejos de riquezas e, caso o beneficiado agisse com avareza, seria condenado à eternidade no fundo do oceano, às vezes, levando junto toda a aldeia. Esta pintura já esteve em exposições em Madri, Barcelona e Viena.

Artista plástico Henrique Vieira Filho e Amanda Canela, que posou para a pintura

Indomitable (gravura acrílica sobre tela) – obra do acervo particular da grande cantora Aline Wirley, gentilmente cedida para esta Exposição. Esta tela é composta por texturas de asas de borboleta, penas de aves, ambas africanas, assim como os grafismos e tatuagens pintadas sobre a pele desta poderosa guerreira.

A cantora Aline Wirley,  Henrique Vieira Filho e Fabiana Vieira, com a pintura ao fundo
Henrique Vieira Filho com sua pintura Indomitable, onde retrata a cantora Aline Wirley

“The Goddess Of The Seas”  (gravura acrílica sobre tela) – inspirada nas tradições afro-brasileiras, em especial, Iemanjá, a obra retrata a rainha do mar, deusa protetora, maternal e, ao mesmo tempo, senhora da força da natureza das águas, implacável quando necessário.

Clique para download desta foto em alta resolução

A modelo Tayná Ferreira posando para a tela The “Goddess Of The Seas”

Tela: Godx Deity
Artista: Henrique Vieira Filho

Releitura de pinturas de Carl Gustav Jung publicadas em sua obra “O Livro Vermelho”

Tela: Birth Of The Saci
Artista: Henrique Vieira Filho

Artwork: “𝘽𝙞𝙧𝙩𝙝 𝙊𝙛 𝙏𝙝𝙚 𝙎𝙖𝙘𝙞” - Artist: Henrique Vieira Filho - Tela: O Nascimento Do Saci
De origem tupi-guarani, não possui forma, daí sua associação com a força do vento (redemoinho…), capaz de revirar o ambiente. Ao tomar contato com a cultura africana, associou-se a imagem de uma criança, que teria até perdido uma perna devido à capoeira.

Tela: African Aphrodite
Artista: Henrique Vieira Filho

O esplendor da afrodescendente, uma Vênus Orixá, integrada aos grafismos urbanos.

Tela: African Gioconda
Artista: Henrique Vieira Filho

A homenagem à beleza da etnia afro estampada tanto nesta moderna Mona Lisa, quanto nos grafismos, inspirados nos tecidos artesanais africanos.

Tela: Decipher Me
Artista: Henrique Vieira Filho

Alada, felina e humana, o fascínio da esfinge em toda a sua sedução e poder.

Série Diversidade

A Série Diversidade é composta por Fotografias Fine Art, muitas das quais integram o livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com lançamento no Salão do Livro de Paris, em março de 2016.

Nesta Série, o biotipo étnico de cada indivíduo, ainda que possa predominar em uma direção, jamais nega a miscigenação de nosso povo e nunca limitará sua visão de mundo.

A orientação de vida de cada um transcende a própria tradição étnica ancestral.

Henrique Vieira Filho desenvolveu padrões gráficos baseados em tribais indígenas brasileiros (especialmente, artesanatos marajoaras…), africanos,  orientais,  célticos e, até mesmo, modernos grafites urbanos, os quais foram projetados (literalmente, via projetor…) tendo a pele como tela. Eventualmente, incluiu pintura corporal, como reforço à proposta étnica.

Fotografia Fine Art: African Marajoara
Artista: Henrique Vieira Filho

Fotografia Fine Art: African Chinese
Artista: Henrique Vieira Filho

O contraste cultural do biotipo afrodescendente em contraponto às projeções de símbolos orientais (Yin e Yang).

Fotografia Fine Art: African Celtic
Artista: Henrique Vieira Filho

Grafismos célticos projetados sobre a pele e ao fundo.

Fotografia Fine Art: African Celtic
Artista: Henrique Vieira Filho

Grafismos célticos projetados sobre a pele e ao fundo.

Fotografia Fine Art: African Chinese
Artista: Henrique Vieira Filho

O contraste cultural do biotipo afrodescendente em contraponto às projeções do dragão oriental.

Estejam todos convidados a prestigiar o Dia da Consciência Negra, visitando a Exposição Diversidade, onde poderão ver de perto as obras acima e muitas outras mais:

Abertura às 10hs, dia 20 de novembro de 2021, no Mercado Cultural:  Praça XV de Novembro – Estância Suíça, Serra Negra – SP – Entrada franca 
A exposição permanece aberta do dia 20 ao 25 de novembro*

Apoio: Prefeitura Municipal de Serra Negra

Exposição Virtual – Dia Da Consciência Negra – 2020

Exposição Diversidade 2021 – Artes Visuais e Capoeira
Exposição Diversidade 2021 – Artista Visual Henrique Vieira Filho em uma roda de Capoeira com a Academia Raça e Fundamento Visuais e Capoeira

A Volta Dos Festivais De Dança

Henrique Vieira Filho e sua reportagem no Jornal O Serrano

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 05 de novembro de 2021 – 6279 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5759563

Henrique Vieira Filho entrevista três grandes bailarinas originadas do interior do Estado de São Paulo, abordando suas carreiras e a importância da volta dos Festivais de Dança em Serra Negra / SP.

Fotógrafo: Henrique Vieira Filho – Dayana Rezende

No imaginário popular, em especial, o balé, é algo que só ocorre em grandes centros urbanos e de forma elitizada.

Contudo, ao passear por Serra Negra, podemos constatar várias escolas e academias voltadas a esta arte. 

Eu mesmo já me deparei, em diversas ocasiões, com grupos de dança se apresentando pelas ruas da cidade e até em supermercados! 

E lembro, ainda, dos Festivais de Dança, que ocorreram de 1992 a 2005 e, simplesmente, desapareceram!

Para entender um pouco mais da história da dança em nossa região e o que podemos fazer para melhorar ainda mais, entrevistei três grandes dançarinas de nossa cidade (em ordem alfabética): Ale Brandini, atualmente no “The Masked Singer BR”, exibido pela Rede Globo, Daiani Fiorire, do Estúdio Fiorire e Dayana Rezende, da Cia de Dança Allegro, da Escola Talento.

Compartilho com os leitores a agradável conversa, a qual encerrarei com uma “provocação” cultural!


Henrique: Nossa região é exceção ou a dança está bem mais disseminada pelo Brasil, do que podemos supor?

Ale Brandini: A dança hoje em dia não está mais tão elitizada como antigamente, onde as crianças eram inseridas na dança somente através do ballet clássico! 

Hoje, elas também podem ser inseridas em outros diferentes contextos e estilos, como as danças urbanas por exemplo, o que está sendo ótimo para essa propagação em pequenas e grandes cidades do Brasil.

Daiani Fiorire: A nossa região não é uma exceção, a dança está bem mais disseminada pelo Brasil, certamente.

Acredito que Serra Negra poderia dar mais visibilidade, para mais artistas. Sempre são os mesmos artistas, fazendo as mesmas coisas pela cidade durante anos. Ultimamente, esse cenário tem mudado um pouco, mas ainda assim segue sendo praticamente o mesmo.

Dayana Rezende: Em nossa região, um marco foi o Adágio Instituto de Dança, da professora Mariângela Maganha, que ensinou por cerca de 35 anos e a dança contou grande incentivo municipal, em especial, no período em que a cidade esteve sob a gestão do prefeito Bimbo, a quem sou muito agradecida.


Henrique: Você, sendo uma serrana, uma pessoa do interior, o que lhe levou ao balé, à dança?

Ale Brandini: Fui incentivada pelos meus pais desde pequena que me colocaram nas aulas de ballet ainda no ensino infantil dentro da escola onde eu estudava! A partir daí nunca mais parei, e com o passar dos anos  fui procurando um ensino adequado dentro do que eu queria para a minha dança.

Daiani Fiorire: Mais do que ser serrana ou uma pessoa do interior, a dança foi um caminho que escolhi para minha vida. Iniciei na ginástica artística, em um projeto social na cidade e depois minha mãe, Clarice, me apresentou o balé clássico. Me apaixonei e depois nunca mais parei de me especializar na dança.

Dayana Rezende: É como se já nascesse com essa “sementinha” da dança,  desde criança, dançava pela casa, falava de balé e queria ser bailarina. E teve uma amiguinha que fazia balé no Rio de Janeiro e me contou sobre as aulas, mostrou os passos e aquilo despertou ainda mais a vontade. Na mesma época, o colégio Reino trouxe uma professora de balé que deu aula para nós durante um ano e, logo a seguir, comecei as aulas no Adágio Instituto de Dança.


Henrique: Todo artista sonha em ter o justo retorno financeiro exercendo o que ama. Como você atingiu a profissionalização? É necessário migrar para os grandes centros urbanos? É possível viver bem de sua arte, trabalhando em Serra Negra e região?

Ale Brandini: Me formei em Dança pelo curso técnico do Conservatório Musical de Amparo e sempre fiz muitas aulas, workshops e cursos de férias fora da cidade, principalmente depois de formada. Sempre me coloquei em muitos estilos diferentes de dança pois penso que hoje em dia, para trabalhar e ter sucesso você precisa entender e ter todas as danças em você e não ser apenas muito boa em um único estilo. No meu caso fiquei em Serra Negra por anos ministrando aulas, mesmo já fazendo grandes trabalhos profissionais fora. Mas teve um momento que senti sim a necessidade de migrar, pois eu queria estar completamente inserida no que eu queria desenvolver para o meu futuro, que não era apenas ministrar aulas e coreografar festivais. Mas acho que cada um tem a sua verdade dentro da sua dança e o seu propósito de vida. Então também acho que da pra viver da dança no interior sim, porém visando  um ensino bom e verdadeiro aos alunos, dentro de academias e projetos sociais.

Daiani Fiorire: Eu busquei a profissionalização fora de Serra Negra, posso dizer que aqui foi uma base e depois migrei para vários locais e estados.

Viver da arte aqui em Serra Negra já foi mais complicado. No momento que você começa a se valorizar, as perspectivas mudam e o modo como as pessoas te veem também. Há anos foi disseminado uma tendência aqui na cidade de que os artistas trabalham de graça. Eu, junto a Fiorire, alunos, pais e responsáveis, não trabalhamos dessa forma. Amamos a dança, fazer arte, mas assim como todo trabalho, ele deve ser valorizado e honrado como deve ser.

Dayana Rezende: Hoje em dia, tem até faculdades online, ou bem perto, em Amparo, mas na minha época tinha que estudar longe e assim fiz a minha graduação em educação física e pós-graduação em dança, em São Paulo. As escolas de referência e os exames de graduação continuam nos grandes centros urbanos. 

É possível, sim, viver da nossa profissão aqui na cidade! Sempre estou incentivando as minhas alunas. Com 14, 15 anos eu já era assistente de baby class  e logo comecei a dar aula e é assim, também, com as minhas alunas desta idade, já atuando como assistentes e me ajudando eu ensinando e levando para cursos de especialização para trabalhar com o balé infantil e assim vai começando, vai nascendo uma carreira.


Henrique: Para quem quer começar na dança, seja como lazer, seja por eventual interesse como profissão, quais dicas você daria?

Ale Brandini: Dedicação e amor! Pois assim, tanto por lazer, realização pessoal ou interesse profissional você encontrará a verdadeira excelência da dança dentro de você, e isso se torna alegre e prazeroso. Cada pessoa tem um limite físico e emocional e hoje em dia, não vemos mais um ensino tão duro quanto antigamente! A dança é para quem  quiser usufruir de seus benefícios, seja com qualquer corpo, idade, gênero ou classe social. E dentro do nível que cada pessoa escolher para ela, mas a dedicação fará toda a diferença, e se ela ou ele tiver esse dom de expressar a sua verdade através da dança por prazer e realização, a dedicação não se torna uma obrigação e sim um estilo de vida que estará presente para sempre!

Daiani Fiorire: Quando falamos em aprender algo, para mim, a disciplina, amor, e a constância são as melhores formas de se chegar ao êxito e claro, acreditar em você.

Dayana Rezende: Em primeiro lugar, se dedicar muito às suas aulas, estudar em uma escola de balé que tenha os exames de graduação, pois são muito importantes para quem deseja seguir carreira.


Henrique: A imagem de uma atividade elitista, em parte, se deve ao fato de ter que investir em aulas, acessórios, dedicação, implicando em custo financeiro e de tempo, recursos estes escassos para famílias de baixa renda. É possível, para pessoas de baixa renda, ingressar no universo da dança? De que forma?

Ale Brandini: Acredito que hoje em dia os pequenos e grandes municípios ofereçam muito mais projetos que visam inserir as crianças carentes e de baixa renda em atividades culturais e esportivas. Como disse anteriormente, as crianças podem e devem ser inseridas na dança através de outros tipos que não sejam apenas o clássico, que já tem historicamente muitas regras e bloqueios. Isso também facilita a inserção de todos os gêneros na dança e não somente de meninas!

Daiani Fiorire: É possível, a dança, não somente o Ballet Clássico já vem rompendo com essa estrutura elitizada. Inclusive, a Fiorire desenvolve projetos sociais através da prefeitura de Serra Negra, onde crianças de baixa renda tem acesso às aulas gratuitas. E em muitas escolas do Brasil, há possibilidade do aluno ingressar com bolsas parcial ou integral.

Dayana Rezende: Para quem não tem condição de pagar uma escola particular, nossa cidade tem muitos projetos gratuitos, através da prefeitura, tanto para crianças, quanto para jovens, como para adultos. E não só com aulas de balé clássico, como também de danças urbanas e outros estilos.

A  Cia de Dança Allegro da Escola Talento já forneceu bolsas a alunos que começaram com as aulas no CRAS – Centro de Referência de Assistência Social e demonstraram empenho e interesse em se aperfeiçoar.


Henrique: Recentemente, ocorreu o 38º Festival de Dança de Joinville.

Serra Negra já realizou mais de dez festivais de dança, de 1992 a 2005. Como eram estes eventos? Por que foram interrompidos?

Ale Brandini: Participei de alguns  Festivais da Primavera em Serra Negra. Que me lembre, eram Mostras de Dança e não competições, como em Joinville. Sinceramente, não me lembro se os grupos se inscreviam gratuitamente ou não. O festival cresceu ao ponto de não conseguir ser feito nas instalações do SNEC – Serra Negra Esporte Clube e migrou para o Centro de Convenções. Acredito que deve ter sido interrompido por não ter conseguido se sustentar pelo formato de Mostra, não ter taxas, se tornando inviável. Mas, deixo claro que são vagas lembranças, nessa época me apresentava apenas como bailarina intérprete dentro do Grupo do Conservatório.

Daiani Fiorire: Quando criança me lembro que haviam mais apresentações. Os festivais de dança no clube eram muito comuns, mas também somente uma parte da população tinha acesso devido ao valor dos ingressos. Acredito que foram interrompidos devido à recursos financeiros e pelo Covid.

Dayana Rezende: Quando comecei a dançar, ainda criança, havia o Festival da Primavera, com a apresentação de grupos do Circuito Das Águas e de outras regiões de São Paulo. 

No início, eram eventos competitivos, depois, viraram Mostras de Dança. Aconteciam no SNEC – Serra Negra Esporte Clube, sendo as últimas edições já no Centro de Convenções, tendo sido assumidos pela Prefeitura.

Ninguém sabe ao certo por que foram interrompidos! 


Henrique: O que pode ser feito para que Serra Negra se transforme em uma nova Capital Da Dança?

Ale Brandini: Pessoas locais ligadas à arte interessadas em encabeçar um novo projeto inteligente e sustentável que utilize os espaços físicos oferecidos pela cidade.

Daiani Fiorire: Acredito que seja um pouco difícil isso acontecer, mas não é impossível. Porém, antes de pensarmos em uma escala maior, se os órgãos públicos da cidade valorizassem mais o nosso trabalho e dessem oportunidades para outros artistas trabalharem na cidade, isso já seria um bom começo.

Dayana Rezende: Serra Negra, por todo esse crescimento em relação à dança, já está se tornando uma referência aqui dentro do Circuito das Águas, além de ser a única cidade da região que tem um teatro que comportaria a volta dos festivais! 

Os próprios profissionais de dança da região, que já participam de festivais, como este recente, em Joinville, podem ajudar na elaboração deste projeto e na captação de jurados “de peso”, organizar por estilos de dança…

Nosso teatro só precisa de manutenção e terminar os camarins e a rede hoteleira é ampla o suficiente para receber os bailarinos, seus familiares e todo o público aficcionado.

Temos estrutura para receber um grandioso festival e seria muito bom para a cidade, tanto na área da cultura, quanto do turismo! Seria, assim, um passo gigantesco!


Henrique:  Agradeço a vocês pela participação e parabenizo pela dedicação às Artes, ainda mais nestes períodos recentes de isolamento!

Mais do que fazer bem à nossa alma, as atividades culturais igualmente beneficiam e movimentam a economia, gerando novos postos de trabalho, atraindo milhares de turistas, lotando hotéis, restaurantes e o comércio.

Já contamos com os artistas e com a infra-estrutura, por isso, lanço o desafio: que voltem os Festivais!

Biografias (em ordem alfabética):

Foto divulgação – Ale Brandini

Ale Brandini é coreógrafa, professora e bailarina com formação em Dança pelo Conservatório Musical Integrado de Amparo.

Com  experiência e domínio em ballet, jazz, danças urbanas, dança de salão e ballroom dance. Ministra aulas a mais de 20 anos.

 Atuou como ensemble no Musical “Mamonas o musical”. Dançou com inúmeros nomes da música brasileira e coreografou shows e clipes musicais. Fez parte do quadro de profissionais do programa de dança “Dancing Brasil” da Record TV, desde a primeira temporada e atualmente é assistente de coreografia do programa.

Atualmente fez parte do elenco de bailarinos do programa “The Masked Singer BR” exibido pela Rede Globo.

Coreografa os musicais da nova novela do SBT (Poliana Moça)


Foto divulgação – Daiani Fiorire

Daiani Fiorire é bailarina profissional registrada pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) e graduada em Dança pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS). Professora-Artista e Pesquisadora em Dança, atua legalmente e profissionalmente na área da Dança há 9 anos.

“Desenvolvo a dança para além da atividade física, per se, mas como uma escolha em levar a vida mais leve e enérgica prezando a responsabilidade e o cuidado em manter a sua própria essência em movimento.”


Fotógrafo: Henrique Vieira Filho – Dayana Rezende

Dayana Rezende é bailarina profissional, formação:  Grade Advanced da Metodologia Royal Academy of Dance (Escola Lina Penteado/ Campinas), pela Metodologia Cubana pelo Pas de Cuba, Cuballet e Escola Paula Castro, Formação Metodologia Vaganova, pela Escola Bolshoi Joinville, em andamento.

Graduada em Educação Física pela Fesb, Pós-Graduada em Dança e Consciência Corporal pela Gama Filho (São Paulo). Bailarina Clássica e professora de Dança a 20 anos, já atuou em várias escolas e projetos sociais da cidade de Serra Negra e região, entre elas, Academia Ponto da Dança (Amparo), Adagio Instituto de Dança (Serra Negra e Águas de Lindóia), projeto e associação Fazendo Arte (Amparo). 

Professora do Projeto de Ballet Clássico do CRAS da Secretaria de Assistência Social de Serra Negra e professora de Dança do Grupo da Melhor Idade, há doze anos. 

Coreógrafa, fundadora e diretora da Cia de Dança Allegro da Escola Talento, na cidade de Serra Negra, já somam doze anos, representando a cidade em Festivais de Dança e Eventos pela região e outras localidades.

Re Arte 2020 – Evento que integra diversas Artes, incluindo, a dança

Cultura: Alimentando A Alma.. E O Turismo, Também!

Henrique Vieira Filho coordena o Projeto Re Arte

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 29 de outubro de 2021 – 6278 – CXIII

Projeto Re Arte – Circuito Das Águas – 2020

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5753575


A Arte está tão inserida no cotidiano, que nem sempre nos damos conta de que dela estamos usufruindo.

No isolamento que a pandemia impôs, quanto alívio emocional foi proporcionado com a leitura de livros, ao assistir filmes, seriados, novelas, ouvir músicas… 

Até mesmo as pessoas que perderam seu sustento podem ser beneficiadas com as Artes, considerando que este setor já criou cerca de 01 milhão e 500 mil postos de trabalho, no ano em que a pesquisa mais recente foi realizada. (Fontes: IBGE, diretoria de pesquisas, Cadastro Central de Empresas – 2003). 

Nem todos percebemos que, para um artista trazer a público o seu trabalho, abre-se vagas para um grande contingente de outras profissões: recepcionistas, equipe de transportes, equipe de montadores, eletricistas, pessoal da limpeza, setor de hospedagem e alimentação, carregadores, organizadores de eventos, fotógrafos, cinegrafistas, equipe de informática, publicitários, equipe gráfica, contadores, seguranças e mais uma infinidade de eventuais vagas de trabalho.

Devemos somar, ainda, que público que vem ao evento cultural também irá se hospedar, se alimentar, passear pelos arredores, comprar alguma lembrança, enfim, consumir tudo que puder, como é de praxe quando o objetivo é o turismo e o lazer! Até o mais singelo ambulante pode salvar seu dia, com o consumo extra de “comes e bebes” na entrada e saída das apresentações!

Mesmo o tão subestimado (por nós, brasileiros…) setor de artes visuais (museus, exposições de pinturas, esculturas e fotografias), somado ao de jornais e revistas, movimentam cerca de 700 bilhões de dólares, por ano, em todo o mundo, gerando incontáveis empregos.

Como exemplo recente de renda gerada pela Cultura, podemos citar o 38º Festival de Dança de Joinville: 270 mil espectadores, cerca de 9400 inscritos e mais de 3000 vagas em cursos de arte. Por sinal, a Cia Allegro representou Serra Negra, com a coreografia “Desencontros”!

O ganho cultural foi imensurável, além do financeiro: nem é preciso ser economista para concluir o bem que fez aos hotéis, restaurantes e comércio da cidade e todos os novos postos de trabalho que foram criados, graças a toda esta movimentação criada pelas Artes!

Segundo o próprio governo federal, a cada R$ 1,00 disponibilizado por meio das leis de incentivo à Cultura, R$ 1,59 são gerados para a economia do país (Fonte: MinC – Ministério da Cultura e FGV – Fundação Getúlio Vargas – 2019). Ou seja, ao investir em artes, o governo consegue um retorno de 59% para a população!

Quando o povo critica o envio de verbas públicas a eventos culturais, certamente focam nos poucos artistas que estão muito bem de vida e que já contam com o patrocínio de grandes empresas privadas.

A realidade da imensa maioria dos artistas brasileiros é bem distante disso. Não raro, nem cachê recebem, trabalhando mais pelo amor ao ofício!

E assim foi, por exemplo, aqui mesmo, em Serra Negra, no ano passado, justamente no Dia da Cultura (05 de novembro), em uma bela parceria em que a Prefeitura disponibilizou o palco do Centro de Convenções para o Projeto Re Arte – Circuito Das Águas, em que tivemos exposição de artes plásticas (Henrique Vieira Filho e Elisabeth Canavarro), dança (Cia de Dança Allegro, da Profa. Dayana Rezende), poesia (Camila Formigoni), artes cênicas (Breno Floriz) e vivência de qualidade de vida (Fabiana Vieira).

Tudo isso bem na época das restrições de saúde mais rigorosas, sem poder receber o público, sem verba, estes artistas se apresentaram, ao vivo e em reprises gravadas, trazendo um pouco de alegria em um período tão difícil para todos…

 “Temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade. Somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida”.

Friedrich Nietzsche
Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança – Projeto Re Arte 2020

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Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança – Projeto Re Arte 2020

Camila Formigoni, Henrique Vieira Filho, Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança

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Henrique Vieira Filho – Artes Plásticas

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Breno Floriz – Artes Cênicas e Camila Formigoni – Poesia

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Henrique Vieira Filho e a importância da Cultura para o bem estar emocional e financeiro, sendo um fator de atração para o Turismo e fonte de renda e geração de postos de trabalho
Fabiana Vieira – Vivência Terapêutica

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Divulgação – TV Globo – Projeto Re Arte – 2020
Playlist – https://youtu.be/1nOqeKqwVv8

BRASIL: MISCIGENAÇÃO E DIVERSIDADE

Exposição Diversidade - homenagem ao Da Da Consciência Negra

BRASIL: MISCIGENAÇÃO E DIVERSIDADE

Em 2016, fui convidado a integrar, com meus trabalhos fotográficos, o livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com lançamento em Paris..

Livro "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho
Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho

O tema que escolhi é o título deste Artigo, sendo que todos os fotógrafos participantes deverão pautar no ser humano e apresentar a edição em preto e branco.

Em meu projeto, o biotipo étnico de cada indivíduo, ainda que possa predominar em uma direção, jamais nega a miscigenação de nosso povo e nunca limitará sua visão de mundo.

A orientação de vida de cada um transcende a própria tradição étnica ancestral. No Brasil, é comum caucasianos reverenciando o Candomblé, afrodescendentes praticantes de tai-chi-chuan, orientais atuando com xamanismo…

Selecionei um grupo padrão de nossa diversidade, composto por mulheres de representações étnicas distintas, para retratar a pluralidade de origens que compõem o povo brasileiro, especialmente, nas grandes metrópoles.

De profissões diversas, são modelos fotográficas, publicitárias, assistentes sociais e cantoras, suas imagens não as identificam como tais, pois vestem apenas o contraste entre a luz e sombra.

Desenvolvi os padrões gráficos baseados em tribais indígenas brasileiros (especialmente, artesanatos marajoaras…), africanos, orientais, célticos e, até mesmo, modernos grafites urbanos, os quais foram projetados (literalmente, via projetor…) tendo a pele como tela. Eventualmente, incluí pintura corporal, como reforço à proposta étnica.

Os grafismos tribais aplicados nem sempre coincidem com a origem étnica ancestral de cada modelo…

O propósito é ressaltar que a orientação filosófica de cada um segue os ditames do coração e que este não se prende a estereótipos, transcendendo toda e qualquer expectativa corporalmente presumida.

Destaque do Livro  "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho
Destaque do Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho

Uma das artes fotográficas selecionadas por Henrique Vieira Filho para o Livro  "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)
Uma das artes fotográficas selecionadas por Henrique Vieira Filho para o Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)

Destaque do Livro  "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho
Destaque do Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com artes de Henrique Vieira Filho

Cerimônia de Premiação ao Artista Henrique Vieira Filho pelo Livro  "Les Brésiliens vus par les Brésiliens"  (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)
Cerimônia de Premiação ao Artista Henrique Vieira Filho pelo Livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros)

Henrique Vieira Filho é artista plástico, escritor, jornalista e terapeuta holístico. Nas artes, é autodidata e seu estilo poderia ser classificado como surrealismo figurativo.

Por mais de 25 anos, esteve à frente da organização da Terapia Holística no Brasil, sendo presença constante nos meios de comunicação. Elaborou as normas técnicas e éticas da profissão, além de ser autor de dezenas de livros e centenas de artigos, que são adotados como referência em vários países.

Dados técnicos:

Arte e Fotografia – Henrique Vieira Filho

Grafismos desenvolvidos via Corel Draw e Photoshop, tendo como base fotos reais, obtidas pelo mesmo autor.
A imagem corporal de fotografada não passou por nenhuma intervenção quanto à forma, sendo respeitadas as medidas reais e peculiaridades.

Eventualmente, os grafismos projetados passaram por edição em Photoshop para melhor adaptar-se aos contornos da pele e realçar olhos e boca.

Fotografia: Henrique Vieira Filho

Câmera: Canon EOS 70D

Lente: EF-S18-135mm f/3.5-5.6 IS STM

Sem flash – Iluminação ambiente via LEDs de intensidade regulável

Distância focal: variando de 18 a 59 mm

Exposição: variando de 1/15 a 1/60 seg

Abertura: variando entre f/3.5 a f/5.0

Projetor multimídia: Epson Powerlite

67a Edição Da Revista TH

Com grande prazer, apresentamos esta que é a 67a Edição Online da Revista TH, a Revista Oficial da Terapia Holística, em versão digital.

Em “Reiki: Um Conceito, Muitas Vertentes” veremos os pontos em comum e as distinções entre cada vez mais conhecidas variantes da técnica.

No Artigo “Erro Na Terapia”, compreendermos o porque de tantas reportagens sobre abusos cometidos por “profissionais” da área.

Complementando, em Qualidade de Vida e Indicador Profissional, tanto o público pode requisitar indicações de Terapeutas com CRT, quanto os Profissionais podem soliictar Cursos de confiança e qualidade!

Desta forma, com certeza, se evita os “erros” abordados no outro tópico!

Na pauta Jovem Donzela, vamos conhecer e aprender com a sabedoria deste Arquétipo, essencial em nossas vidas pessoal e profissional.

E damos as boas-vindas à mais recentes articulista, a Ana Cespedes, que nos brinda com a técnica: Ventosaterapia”.

Nossos votos de excelentes leituras a todos!

Henrique Vieira Filho
Henrique Vieira Filho
Jornalista Responsável – MTB 0080467/SP

Serra Negra E A Cosmologia Kayapó

Title: Kayapó Cosmology Artist: Henrique Vieira Filho Mixed media on canvas Size: 60 x 90 cm - 23,6 x 35,4 inches Year: 2020

Obra “Kayapó Cosmology”

        “Quando a lenda é mais interessante que a realidade, imprima-se a lenda!”, já dizia o jornalista, no filme:  “O Homem Que Matou o Facínora”, nos anos 60.

Aqui no Brasil, nos anos 40, tivemos “O importante não é o fato, mas a versão”, atribuído ao mineiro Benedito Valadares, que teria plagiado outro político, José Maria Alkmin.

Outrossim, o pioneiro no tema, parece ter sido o romancista francês Georges Duhamel, que escreveu, em 1918: “Como toda pessoa séria, não acredito na verdade histórica, mas na verdade da lenda”.

Minha sucinta pesquisa quanto a ser Serra Negra chamada de “hérã-n-yeré” (“algumas voltas”, pelo tanto que teriam que rodear as nossas montanhas…) por seus habitantes originais, os Kayapós, não encontrou respaldo, nem quanto à ocupação da tribo, nem quanto ao termo linguístico.

Sério que sou, adoto e imprimo… a lendaMais do que isso, eu a amplio: foi em Serra Negra/SP que os primeiros Mebêngokrês vieram dos céus e se estabeleceram na terra!

Chamados pelos demais indígenas de Kayapós (“caras de macaco”, devido a alguns de seus trajes ritualísticos… ou será que já era bullying?…), suas aldeias eram no céu, até que, ao perseguirem um tatu em sua toca, descobriram que havia um buraco para o nosso mundo. Prepararam uma longa corda e por ela migraram, até que, discordando dos rumos, um dos seus a cortou, dividindo o povo entre céu e terra.

Tudo isso aconteceu, bem aqui, no Circuito das Águas Paulista! Por isso, chamam a si mesmos de Mebêngokrês (“os homens do buraco / lugar d’água”).

Mesmo depois da corda ter sido cortada, ainda teve ao menos uma migrante de destaque: a índia Nhokpôktí, que desceu junto com as chuvas (de quem era filha…) e, depois de um certo tempo, cansada de comer as mesmas coisas aqui na terra, fez com que seu marido a catapultasse de volta aos céus, de onde voltou com inúmeras frutas e legumes, ensinando a todas as índias a cultivar.

Tudo isso aconteceu bem aqui, em Serra Negra! E eu tenho a prova: esta fotografia que tirei, de Nhokpôktí, em uma de suas idas e vindas entre céu e terra, aqui com as montanhas serranas ao fundo!


Title: Kayapó Cosmology
Artist: Henrique Vieira Filho
Mixed media on canvas
Size: 60 x 90 cm – 23,6 x 35,4 inches
Year: 2020