Pré Lancamento do Livro “101 Crônicas De Serra Negra”

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Sinopse

Em sua coluna semanal no Jornal O Serrano, Henrique Vieira Filho aborda os mais variados temas, em especial, curiosidades históricas, eventos culturais e até divertidos “causos”.

Sua formação em sociologia e psicanálise, bem como sua atuação como artista visual e jornalista nos traz uma perspectiva única e vasta, a tal ponto que o autor ironiza ser um “especialista em assuntos aleatórios”.

Este Volume I do livro nos traz as mais destacadas crônicas, selecionadas dentre os cento e um de seus primeiros artigos impressos.

Todas de breve leitura, que certamente nos fazem sorrir, refletir e continuar a ler até completar o livro, já desejando o lançamento das próximas cem novas matérias. 

Introdução

Tem sido uma honra colaborar com o Jornal O Serrano, uma das raras mídias a conseguir manter a tradição das edições impressas.

Nada contra as versões digitais. pelo contrário: aqui, em cada capítulo, há um QR Code de acesso à contrapartida online, que acrescenta ilustrações coloridas, vídeos e leitura por áudio, em respeito às premissas de acessibilidade que norteiam os editais da Lei Paulo Gustavo, que propiciou esta edição, como contrapartida do Projeto “Circuito Literário de Serra Negra”.

Ainda que o título “marketeie” cento e uma crônicas, se todas fossem incluídas de uma só vez, inviabilizaria a impressão. 

A solução adotada foi subdividir em volumes, cada qual brindando o leitor com uma coletânea selecionada, preferencialmente, pela ordem cronológica do jornal.

Como autor mais acostumado a escrever livros de caráter técnico sobre Terapia e Arte, tem sido prazerosa e desafiadora a oportunidade de exercitar textos com nuances bem humoradas e recheados de curiosidades.

Sendo fã de efemérides, mitologia e etimologia, procuro, sempre que possível, incluir fatos históricos e lendários relacionados ao tema da semana.

Também fiz questão de abordar os eventos artísticos de nossa região, destacando sua importância social e econômica, especialmente em relação ao turismo, setor este tão relevante ao Circuito das Águas Paulista.

Enfim, eis aqui, uma sequência de crônicas com atualidades, “causos” reais, ficção e curiosos assuntos aleatórios!

Desejo a todos uma divertida e agradável leitura!

Henrique Vieira Filho 

101 Crônicas De Serra Negra
Henrique Vieira Filho

1ª edição – Volume I – 2024
© Sociedade Das Artes

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha Catalográfica
V658c Vieira Filho, Henrique
101 Crônicas De Serra Negra / Volume I / Henrique Vieira Filho: Sociedade Das Artes, 2024,120 p;
ISBN: 978-65-00-99029-4
1.Crônica 2.Literatura 3.Jornalismo 4.História. 5 Efemérides
I. Título. II. Autor.
  CDD: B869.8
CDU: 83.81

Um Beijo Para O Gordo

Em colaboração para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho aborda Jô Soares antes de seu consagrado talkshow, com seus mais de 200 personagens humorísticos e da comédia televisiva Família Trapo, cujo molde é repetido até nossos dias: “A Grande Família”, “Sai De Baixo”, “Toma Lá, Dá Cá”, “Vai Que Cola” são bons exemplos.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6317, de 12/08/2022

Muitos conhecem Jô Soares por seu pioneiro (no Brasil), muito imitado e jamais equiparado, programa de entrevistas.

Ser entrevistado por ele era uma honra e sou feliz por ter sido um dos que compartilharam o palco com ele.

O que os mais jovens perderam de conhecer foi outra de suas grandes habilidades, no tempo em que os humoristas eram atores, redatores e até cantores, estando em pé de igualdade com Chico Anysio no quesito de qualidade e quantidade.

Jô interpretou mais de 200 personagens e popularizou uma infinidade de bordões.  Se fosse listar todos, nem caberiam nesta edição! 

Por isso, vou focar no primeiro que conheci: o mordomo Gordon, do humorístico “Família Trapo”, do qual foi um dos criadores e roteiristas.

O palco de dois andares apresentava, com a presença de auditório, histórias em torno das trapalhadas e golpes de “Carlos Bronco Dinossauro”, o eterno “cunhado” interpretado por Ronald Golias, um malandro que vivia às custas do casal interpretado por Otello Zeloni e Renata Fronzi.

Apresentado ao vivo no Teatro Record, entre 1967 e 1971,  contava com a participação de convidados especiais e muita improvisação. Esta mesma fórmula continua válida até nossos dias: “A Grande Família”, “Sai De Baixo”, “Toma Lá, Dá Cá”, “Vai Que Cola” são bons exemplos.

Ainda que não intencionalmente, Jô Soares contribuiu para diminuir a gordofobia, transmitindo sempre uma imagem positiva de seu biotipo: “O humor foi a minha maneira de ser diferente em vez de ser diferente pelo fato de ser gordo”, disse ele em uma reportagem.

Desde a escolha de nomes de personagem (Gordon…), de seu programa mais popular (Viva O Gordo) e até o principal bordão de seu “talkshow” (Beijo do Gordo), estar acima do peso era só mais um recurso e nem foi impedimento a atuar com personagens que exigiam flexibilidade e resistência físicas.

Em suma, um grande (ops) ser humano, que precisou de um volumoso corpo para comportar a enormidade de sua erudição e humor.

Esteja onde estiver, receba, de todos nós, um beijo “pro” Gordo!

“Jô Soares, o mordomo Gordon e Ronald Golias, o impagável Carlos Bronco Dinossauro”
Arte: Henrique Vieira Filho

Cenas da entrevista de Henrique Vieira Filho para Jô Soares
Entrevista de Henrique Vieira Filho para Jô Soares

Beco Das Artes

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho parabeniza a retomada do Espaço Menino Jesus de Praga,apelidado de Beco Das Artes e a importância do reaproveitamento cultural de áreas públicas.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6312, de 08/07/2022

Quase ninguém reconhece estes estádios de futebol: Neo Química Arena, Cícero Pompeu de Toledo e Paulo Machado de Carvalho. Porém, se usarmos seus nomes populares, a coisa muda de figura: Itaquerão, Morumbi e Pacaembú.

Muitas vezes, os apelidos se tornam mais relevantes que o nome documental. 

Creio que isso irá ocorrer aqui em Serra Negra: o Espaço Menino Jesus de Praga será mais conhecido como Beco das Artes!

E merecidamente: durante o Festival de Inverno, o local recebe, a cada final de semana, exposições gratuitas de artistas locais e oportunidades de adquirir obras de arte e artesanato.

Agora, chegou a minha vez, com a Exposição Asas Na Arte. Já confirmaram presença a Esfinge, o Dragão e milhares de Tsurus (pássaros sagrados), sejam nas pinturas com suas deusas e lendas, como também em esculturas estilo origami (dobraduras de papel).

Estas artes já abriram suas asas em exposições em Miami, Nova York, Paris, Turim, Liechtenstein… E nem me levaram junto, estas filhas desnaturadas! De tanto voar pelo mundo, algumas dessas obras apresentam pequenas marcas.

Aí entra outra característica que deve virar tradição no Beco Das Artes: a pechincha! Por sinal, teremos também quadros decorativos e gravuras em menor escala das telas, que são bem mais em conta. Afinal, democratizar o acesso à arte é essencial.

É muito importante o resgate e ocupação artística daquele espaço cultural. Localizado na rua mais movimentada, com fácil acesso e grande circulação de turistas e serranos, o Beco das Artes tem tudo para se tornar mais um ponto turístico de sucesso.

O mesmo podemos dizer do Mercado Cultural, cuja atividade artística ainda está abaixo do seu potencial.

É louvável a iniciativa no Centro de Convenções, que, todo sábado, conta com o evento gratuito “Piano e Artes Plásticas”, com obras de artistas serranos e música ao vivo.

Pouco a pouco, Serra Negra está acordando para o seu potencial cultural!

Convido você a visitar a “Exposição Asas Na Arte”, nem que seja para tirar uma divertida “selfie” com nossas asas!

Dias 09 e 10/07, das 10 às 17hs, à R Cel. Pedro Penteado, 106

Mandalas: Do Tibete Até Serra Negra

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho  elogia a iniciativa artística na escadaria da Rua José Rielli e fala sobre as mandalas, desde as tradições tibetanas e indianas, até as cristãs, com os “tapetes” da Semana Santa e os Quadradinhos do Amor, que são mandalas em tricô e crochê.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6311, de 01/07/2022


Passando pela escadaria da Rua José Rielli me surpreendi com o lindo mural sendo pintado por Fernanda Quinto e Karen Ribeiro!

Uma bela mandala (“círculo da essência”, em sânscrito) se formava na parede, trazendo cultura e arte àquele caminho.

Comumente associadas ao budismo e ao hinduísmo como guias para meditação, na verdade, as mandalas existem em todas as culturas.

Inclusive, a cristã: basta observarmos as rosetas das catedrais góticas e os “tapetes” da Semana Santa: feitos com serragem colorida, suas lindas imagens são criadas já sabendo que serão desmanchadas logo a seguir.

Paralelos a esta tradição do cristianismo, os monges tibetanos usam areia de várias cores para compor maravilhosas artes, tão somente para desfazê-las assim que as terminam. 

Complementam o ritual distribuindo parte da areia ao público e parte lançada aos rios, para semear as bênçãos pelo mundo.

Além do exercício meditativo nas horas dedicadas para fazer a mandala, o ato de desfazê-las é um treino ao desapego material.

Todo artista de murais e grafites também tem que ter uma boa dose de desprendimento, pois bem sabe que a chuva, o vento e o tempo em breve apagarão todo o seu trabalho.

Ao invés de tristeza, devem alegrar-se que aquela obra já cumpriu seu papel, emocionando aos que a contemplaram e que se abre a oportunidade para novas artes e novos artistas compartilharem aquele espaço. 

Quem ganha é o público com a certeza de que sempre haverá uma nova imagem a aquecer seus corações.

E por falar aquecer, nem só de círculos são feitas as mandalas: os Quadradinhos do Amor são exemplos perfeitos! Seus tricôs e crochês, de cores vibrantes e padrões em repetição, as classificam como tais!

Enquanto permanecem em exposição, estas mantas são pura arte “temporária”, e, ao invés de serem desmanchadas, se tornam eternas ao trazer calor, humano e físico, aos que mais necessitam.

Mandala Na Escadaria – Arte: Fernanda Quinto, Karen Ribeiro  – Fotografia: Henrique Vieira Filho

MultiplicARTE

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho comenta sobre a réplica da Fontana Di Trevi, em Serra Negra, e as polêmicas sobre as releituras e reproduções de obras de arte e monumentos históricos, inclusive, as réplicas da estátua do Cristo Redentor.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6310, de 24/06/2022

Primeiro, minhas sinceras desculpas, pois fraguei minha injustiça ao estranhar os rostos angelicais quando visitei a “Exposição Fontana Di Trevi Em Serra Negra”.

Esperava uma réplica (cópia idêntica) do monumento italiano, sendo que lá estava algo de maior valor artístico: uma releitura, ou seja, um novo original, em que os artistas esculpiram sua própria versão da obra, com seus toques e estilos pessoais. 

A grande maioria sabe apreciar artistas e bandas “cover” ( palavra inglesa, mas de origem francesa – “couvert”: “cobertura de mesa”, “aperitivo”).

Afinal, de que outra forma a praça, que é nossa e nos dá alegria, conseguiria as presenças de Freddie Mercury, Rita Lee, Tim Maia, Legião Urbana, dentre outros?

Se no campo musical a aceitação é pacífica, no que se refere a esculturas históricas, a polêmica é grande. 

Por exemplo, o Egito e a UNESCO consideraram a cópia chinesa, em tamanho real, da Esfinge de Gizé, como uma ofensa ao patrimônio histórico e cultural.

Para as famosas réplicas de monumentos em Las Vegas, costumam aplicar um adjetivo de origem alemã: “kitsch” (“brega”).

O filósofo Friedrich Nietzsche considerou que este tipo de vulgarização estimulou a mediocridade. Já seu colega inglês, Roger Scruton, chamou o fenômeno de “Disneyficação da arte”.

Sinceramente, vejo um certo “ranço elitista” neste tipo de crítica. 

Afinal, as reproduções e adaptações de obras de grandes mestres podem trazer ao público a oportunidade de experiências imersivas nas artes, com emoções que antes só estavam disponíveis a “bolsos” com maior poder aquisitivo.

Quem garante que todo visitante do Louvre, observando a Mona Lisa, ofuscada por um grosso vidro protetor, acotovelado por centenas de pessoas, sairá com sua alma mais esclarecida do que a pessoa que aprecia um pôster da mesma Gioconda, na tranquilidade do lar? 

Considerando os prós e contras acima, acredito que a réplica da Fontana di Trevi será bem-vinda. 

Afinal, aqui no Circuito das Águas, já apreciamos as nossas estátuas do Cristo Redentor, todas reproduções da original carioca e, nem por isso, menos queridas.

As Fúrias Visitaram Nossa Cidade

Henrique Vieira Filho e seu artigo para o Jornal O Serrano
Henrique Vieira Filho e seu artigo para o Jornal O Serrano

Neste artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho relata um possível incidente ocorrido em Serra Negra, para o qual precisei acionar o Olimpo, convocando as deusas da ça, da sabedoria e da paz, além de ter uma séria conversas com as irmãs Fúrias: Alecto (raiva), Megera (ciúme e inveja) e Tisífone (destruição vingativa).
Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6309, de 17/06/2022

Os gregos as chamavam de Erínias, enquanto os romanos as conheciam como Fúrias: as irmãs Alecto (raiva), Megera (ciúme e inveja) e Tisífone (destruição vingativa).

Punir os mortais por seus crimes era sua missão. Entretanto, a definição do que é justo e certo evolui (ou deveria…) com o progresso das sociedades.

Em Roma antiga, os tribunais eram procurados mais pelos acusados do que pelas vítimas, pois estas podiam punir diretamente, com as bênçãos das Fúrias. 

Claro que, justiça pelas próprias mãos tende a dar muito errado. Édipo quase não consegue se redimir junto às Erínias, custando a justificar que não sabia que o homem que matou era seu próprio pai.

Ao que parece, as irmãs justiceiras visitaram Serra Negra, neste fim de semana! 

Claro que as fontes (não de água, de informações…) não são confiáveis, pois são vídeos disponibilizados em redes sociais. Na verdade, torço e muito para que seja “fake news”: no Centro de Convenções, atropelaram a mala de entregas de um motoboy e, ao invés do esperado pedido de desculpas e reparações, seguiram insultos e ameaças à vítima.

É bom lembrar que, os entregadores, antes tido como “vilões” (estereotipados como barulhentos e usuários de direção perigosa), se tornaram heróis, por serviços prestados nesta época de pandemia.

Contudo, a história que ora conta ocorreu bem no dia em que as irmãs vingadoras visitaram nossa cidade e, daí, as imagens mostram mais de uma dezena de motos cercando a casa que acreditam ser do atropelador, com buzinaços, roncos de motores e trancos nos portões. 

Com os ânimos exaltados, transitar do papel de vítima para o de agressor (e vice-versa) tende a acontecer. 

Por isso, tomei a liberdade de enviar um e-mail ao Olimpo, pedindo que a Deusa da Justiça, Thêmis, abra os olhos para nossa terra e que, antes de brandir sua espada, primeiro pesar bem em sua balança as razões (ou falta destas…) de cada lado. 

Também tive uma conversinha particular com as Fúrias: elas bem sabem que eu as compreendo perfeitamente, mas, implorei para darem uma trégua.

Para garantir, passei um “whatsapp” para Athena, deusa da sabedoria, convidando a passar uma temporada por aqui, fazendo questão que sua filha, Irene (Pax, a deusa da paz), também venha! 
Ilustração:

As Fúrias Em Serra Negra – releitura sobre obras de Salvador Dali e Bouguereau  – Arte: Henrique Vieira Filho

O Inverno Está Chegando

Neste bem humorado artigo para o Jornal O SERRANO, Henrique Vieira Filho relata como o inverno era temido e vivenciado na antiguidade, incluindo as histórias de Despina, deusa do frio e sua irmã, Perséfone e, na atualidade, tudo isso virando atração turística.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6308, de 10/06/2022

Henrique Vieira Filho e seu artigo para o Jornal O Serrano
Henrique Vieira Filho e seu artigo para o Jornal O Serrano

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6308, de 10/06/2022 e na íntegra em https://henriquevieirafilho.com.br/2023/06/13/o-inverno-esta-chegando/

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.8032584

Não era apenas no seriado “Game Of Thrones” que a frase acima apavorava a todos.

Na antiguidade européia, sobreviver ao período de frio era um desafio intenso. Afinal, a deusa Perséfone ainda estava no submundo, com seu marido Hades e só quando voltasse à superfície é que traria consigo a primavera.

Também culpavam sua irmã, a deusa Despina: negligenciada desde o nascimento, se vinga nas águas tão queridas por seu pai, Poseidon e na vegetação, obra-prima de sua mãe, Deméter, congelando tudo!

Deusa Despina - Arte de Henrique Vieira Filho
Despina Goddess - Art by Henrique Vieira Filho
Despina, A Deusa Do Inverno  – Arte: Henrique Vieira Filho

Seu nome grego era sinônimo de inverno e, para ficar ainda mais gelado, casou-se com Bóreas (deus do vento norte, da aurora boreal) e há quem diga que tiveram um filho, cujo nome, Kryos, significa… frio!

A Frozen, da Disney, é uma singela amadora perto dela!

Nada como um século após o outro: antes tão temida e desprezada, mas, agora, os empreendedores aqui da região aguardam ansiosamente a volta da Despina!

Tanto é que convidaram ela e a família para soprar por aqui (de leve, claro…) e, com isso, ironicamente, aquecer o mercado turístico.

Multidões de apaixonados por temperaturas mais baixas passeiam por nossas montanhas, em merecidas férias, apreciando cafés e chocolates quentes, massas em molhos fervilhando, guloseimas com calorias mil e os pores-do-sol mais incríveis que só no inverno que a deusa/ninfa Hespéra consegue carregar com tantas cores ardentes e vívidas!

Aproveitem! Mesmo assim, muita atenção, pois, o que diferencia inverno de inferno é apenas uma letra, fácil de digitar errado se não cuidarmos de nossa saúde: agasalhem-se, bebam água da fonte e caminhem bastante por nossas montanhas!

E seja bem-vinda, minha cara Despina!

Formação de Quadrilha: “C’est Très Chic!”

Henrique Vieira Filho, em colaboração para o Jornal O SERRANO, apresenta este bem-humorado artigo onde conta as influências francesas, flamengas, italianas e até chinesas nas nossas festas juninas e quermesses.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6307, de 03/06/2022

Henrique Vieira Filho, em colaboração para o Jornal O SERRANO, apresenta o bem-humorado artigo “????????????????????????̧????̃???? ???????? ????????????????????????????????????: “????'???????????? ????????????̀???? ????????????????!” onde conta as influências francesas, flamengas, italianas e até chinesas nas nossas festas juninas e quermesses.

De Norte a Sul do país, a formação de quadrilhas prolifera. Não raro, envolve armas, polícia e até padre coagindo jovens casais grávidos ao matrimônio! E o povo em volta ainda dança!

É um tal de um surrupiar do outro! Tudo começou faz muito tempo, com as celebrações pagãs de primavera e verão, onde deusas como Deméter e Perséfone foram expulsas de suas terras pelos publicitários do Vaticano, que deram posse a São João, Santo Antônio e São Pedro.

O modus operandis das coreografias teve início nas classes operárias inglesas do século 13, logo usurpadas pela aristocracia francesa, que formou suas “quadrilles”  (dança com quatro casais). 

Paródia: Luiz XIV, O Rei Matuto - Arte: Henrique Vieira Filho
Paródia: Luiz XIV, O Rei Matuto – Arte: Henrique Vieira Filho

Mas, logo o povo tomou de volta para si e, no século 16, o Brasil herdou este bailado dos portugueses saudosos da sua Europa. 

Assim como o nosso pão “francês” nasceu de uma tentativa de recriar as baguetes e “croissants”, certos comandos para os dançarinos são em “matutês” (cruzamento de línguas portuguesa, tupi e francês).

E até nossos dias, os quadrilheiros obedecem, mesmo sem entender nada, ao marcador que anuncia os passos: “balancê”, “anavantur” (avant tout – começando), “anarriê” (derrière – para trás), “travessê” (traverser – atravessar), “changê” (changer – trocar), “retournê”, “retirê”, “zéfini” (c`est fini – terminou).

É tanta gatunagem que até Santo Antônio passou a perna em São Valentim, tomando dele o Dia Dos Namorados, aqui no Brasil!

Nem os chineses escaparam: tomamos deles os fogos de artifício para afugentar os maus espíritos de nossas quermesses (que surrupiamos do francês kermesse, que já tinha sido larapiado da língua flamenga (“kerk”=igreja; “messe”=feira: “feira de igreja”).

Estava aqui, matutando (do latim: matta= que vem da mata) que não tem mais como impedir tamanho sincretismo em nestas festas, que antes eram “joaninas” (de São João), mas, depois, a deusa romana Juno tomou de volta, disfarçando que era por ser no mês de junho.

Como caipira (do tupi: “kaa-póra” = habitante das matas) malandro que sou, vou me render a estas quadrilhas. 

Afinal, todas são “très chic no úrtimo”!

Guerreiras Sobrecarregadas


Mães Sobrecarregadas  – Arte: Henrique Vieira Filho

Nesta matéria, o psicanalista Henrique Vieira Filho entrevista Debora Chedid sobre a Campanha Maio Furta-Cor, que visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6306, de 27/05/2022

A “glamourização” da maternidade adjetiva mulheres como “guerreiras”, camuflando o fato de que a jornada é estressante e afeta sua saúde. 

A Campanha Maio Furta-Cor visa sensibilizar a população para a causa da saúde mental materna. 

Neste domingo recente, as mães de Serra Negra realizaram uma marcha, encerrando com dança circular, yôga, jiu-jitsu, palestras e orientações sobre vacinação.

Compartilho com os leitores a esclarecedora conversa que tive com a organizadora da campanha serrana e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Deborah Chedid:

Henrique: O que lhe inspirou a promover a Campanha Maio Furta-Cor?

Deborah Chedid: Dar voz às mulheres e atender às suas necessidades e anseios. Além do bem estar da família em geral. Precisamos buscar meios de proteger a mulher e ao mesmo tempo fazer com que ela ocupe seu espaço de fato. Muito se fala, mas a realidade ainda nos mostra que o preconceito se faz presente. Para sermos tratadas com igualdade, precisamos ser vistas e respeitadas dessa forma. Caminho nesse sentido. Não somos mais nem menos, somos todos seres humanos.

Henrique: Qual a importância desta Campanha para Serra Negra?

Deborah Chedid: Essa é uma campanha mundial e nossa cidade precisa estar inserida em tudo que nos trará benefícios. Crescer como pessoa sempre é uma boa causa

Henrique: Existe alguma estatística ou dados, ainda que extra oficiais, dos efeitos da pandemia na saúde das mães em nossa cidade?

Deborah Chedid: Não tenho números. Mas posso lhe dizer que as mães foram afetadas diretamente. São as mulheres, em sua maioria que ficam com os filhos, fazem o trabalho de casa e ainda trabalham fora. Com a pandemia, muitas perderam seus empregos e passaram a ficar em casa buscando algo para ter uma fonte de renda. Além do trabalho em si, sem descanso semanal e ininterrupto, a preocupação com a saúde de todos e as incertezas financeiras trouxeram agravamento de problemas emocionais . Aí entra o papel de todos da família para que se possa dividir as tarefas e as responsabilidades. Dessa forma, estaremos também cuidando da saúde mental de todos.

Henrique: Para o restante do ano, existe alguma programação específica em continuidade à proposta da Campanha Maio Furta-Cor?

Deborah Chedid: Sim, iremos promover vários encontros e palestras. Além das atividades que já existem no CRAS e CREAS e Fundo Social. Nosso intuito é trabalhar toda família para promover o bem estar de todos.

Henrique: O que mais gostaria que nossos leitores saibam sobre este tema?Deborah Chedid: Essa é mais uma forma de buscarmos o acolhimento daqueles que mais precisam de nós. Falamos hoje das mulheres , mas nosso trabalho é o bem estar de toda família. Se o pai e a mãe estão bem, seus filhos também estarão. Uma família estruturada tem mais condições de encaminhar seus filhos. É isso que buscamos, uma estrutura familiar saudável para que o futuro seja melhor para todos nós.

Eclipsaram O Eclipse

Neste artigo, o artista e psicoterapeuta Henrique Vieira Filho nos fala sobre as curiosas explicações das culturas milenares (inclusive, a tupi-guarani) sobre o fenômeno dos eclipses.

Publicado resumido no Jornal O Serrano, Nº 6305, de 20/05/2022

São Pedro (ou teria sido a deusa tupi Amanaci?) encobriu os céus com pesadas nuvens e não nos deixou assistir ao recente eclipse lunar. 

Hoje em dia, este tipo de evento é bastante apreciado, porém, na antiguidade, era tido como mau agouro, pois ou o Sol, ou a Lua estariam sendo devorados por alguma criatura mística.

A reação mais comum era fazer o máximo de barulho possível, para que parassem logo!

Na Índia, era a cabeça imortal do demônio Rahu que os engole, mas, como não tem corpo, escapam por baixo; para os vikings, um par de lobos eram os esfomeados; no Vietnã, o devorador de astros era um sapo; na China, um dragão; na Coréia, eram cachorros brincando.

Contrariando a maioria, algumas culturas como a dos Navajos e de certas tribos do Taiti e da África interpretam os eclipses como estando os deuses solares e lunares brigando ou namorando entre si.

No Brasil, temos ambas as versões! Em uma delas, ora irmãos homens, ora casal, Sol e Lua estão lutando, devendo ser apartados com “panelaços”, tambores e flechadas. 

Já outro mito tupi-guarani culpa a Juma, ops, a Xivi, uma onça celestial, que persegue e devora os astros irmãos.

Uma variante desta história conta que tudo começou com uma briga de pescaria entre o espírito Charia (que viria a ser o jaguar devorador celeste) e os irmãos Sol e Lua.

A cor avermelhada de certos fenômenos lunares é o sangue que transborda destas batalhas e de outras histórias.

Uma das “fofocas” do “Olimpo Tupiniquim” diz que o Lua (era masculino) sangrou das flechadas que levou enquanto fugia dos flagrantes de suas desventuras amorosas.

Os Paracanãs, da região entre Xingu e Tocantins, nos contam que, originalmente, eram os homens que menstruavam! 

Isso mudou quando um herói mitológico fez uma ponte do chão até o céu, fixando-a com flechas na Lua, cujas gotas de sangue caíram sobre as mulheres da tribo, que tomaram para si a função.

Por essas e por outras é que, não só no Brasil, como em diversas culturas, sempre evitam a exposição à “lua de sangue”: vai que “destroca”!

Onça Celestial Devoradora De Astros” - Arte: Henrique Vieira Filho
Onça Celestial Devoradora De Astros” – Arte: Henrique Vieira Filho